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Ontem e hoje, como sempre

Atualizado: 13 de jul. de 2022

Lembra o CGN os episódios que aceleraram o processo de abertura comandado pelo Presidente Ernesto Geisel, de que resultou a morte sob tortura, do jornalista Wladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. O texto (cuja autoria não consegui identificar) vê semelhanças e diferenças entre aqueles episódios e o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. As semelhanças ficam na teia de interesses subjacentes aos atos criminosos. As diferenças começam pela reação dos Presidentes, o general-ditador e o ex-capitão excluído das forças armadas. O mesmo que Geisel considerava, nem mais nem menos, um mau militar. Mau para muito além disso, acrescente-se. O ex-Presidente, do País e da Petrobrás, ainda que tolerante com a tortura, desde que aplicada a perigosos subversivos, não hesitou em exonerar o também general Ednardo Mello, que comandava o Segundo Exército. São Paulo, onde o assassinato do jornalista da TV-Cultura e o trabalhador foram mortos, é a sede daquele Comando. Ednardo, na percepção do nacionalista Geisel, alinhava-se ao colega Sílvio Frota, inconformado com os rumos que o militar gaúcho dera ao governo, com a intenção de uma retomada (abertura, chamou-se-a) lenta, segura e irrestrita. Outra diferença está em que os mais recentes assassinatos, até onde a vista alcança não podem ser atribuídos a agentes públicos. As investigações, se prosseguirem com isenção e o mínimo de respeito à sociedade, é que dirão ou não da distância mantida pelos mandantes e executores, em relação ao poder público. Não se pode excluir, porém, a influência do desmonte de organizações oficiais vinculadas às politicas ambientais e de segurança, especialmente na Amazônia. Aqui, o atual (des) governo chegou a fazer do vice-Presidente uma espécie de vice-rei. A defesa, disseminação, propaganda, facilitação do comércio de armas e o estímulo ao seu uso têm muito a ver com os novos episódios. Do crescimento da população armada, todos sabemos. Dos números relativos à invasão de territórios protegidos e das populações neles agredidas - só desconhecem os que a admitem, defendem e aplaudem. Nada incoerente com o sentimento de ódio que alimenta cada decisão governamental, nem com as práticas defendidas pelos que governam, como a tortura sobejamente louvada, a morte dos outros levada na brincadeira, o desdém por tudo quanto minore o sofrimento da grande maioria. Dentre os quais mais de 30 milhões de famintos. De qualquer maneira, e seja lá por qual motivo, Geisel pretendeu, a seu modo, promover a abertura. Agora, os foguetes comemorativos saúdam o fechamento de novas sepulturas. 670 mil parecem não bastar.

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