Sei que não é fácil entender como a sociedade moderna se organiza e qual o papel do indivíduo nesta história toda.
Mas também sei que essa compreensão não é privilégio de meia-dúzia de letrados e pode vir a fazer parte da vida de todos que questionam sua existência e queiram romper com o ciclo vicioso da desigualdade social.
Não basta ser rico para ter o espírito burguês, pois a burguesia enquanto classe social se constitui não somente do acúmulo do capital, mas de valores culturais e morais de dominação, com os quais forma seu arcabouço ideológico. Os que são desprovidos de riquezas materiais servem de manada para manter o poder dos que as possuem.
Não basta ser pobre para ter cultura proletária, já que encontramos uma maioria sem consciência de classe, vitimizada pela ideologia dominante e parte instrumental do seu poder.
Ora, diante de tais constatações entendemos o tamanho da nossa tarefa no processo histórico e não podemos esquecer que a sociedade continua se dividindo em classes sociais e que os inimigos de classe estão longe e próximo de nós. Do lado de lá é fácil identificar, mas do lado daqui eles caminham juntos, muitas vezes, disfarçados de aliados e companheiros, porém reproduzindo todos valores da ideologia dominante.
Há, também, aqueles com identidade econômica e que se transformaram em algozes da sua classe por opção, perfídia ou insignificância existencial. Estes, precisamos combater como inimigos de classe. São os capitães-do-mato.
Fora deste fluxo, devemos fazer a boa disputa pelas mentes e corações de todos.
Lúcio Carril
Sociólogo