Ganha proporções inimagináveis a reunião do Presidente da República com dezenas de embaixadores estrangeiros, faz alguns dias. Muitos dos cúmplices do ato avaliam que a autoridade deu um tiro no pé. Talvez porque, ignorância do tamanho de seus abjetos interesses, nunca terão ouvido falar de Getúlio Dornelles Vargas. Aquele que, ditador uma vez, deixou o governo para voltar a ele, na condição de Presidente Constitucional, eleito em tempos em que as urnas não tinham o grau de segurança das que se usam hoje. Vítima de torpe campanha, o caudilho gaúcho preferiu sair da vida para entrar na História, como disse em sua carta-testamento. O tiro que ele se deu atingiu-o no coração, como ele desejava, a despeito de injustiçado pelos louvadores da tortura, defensores das ditaduras, bípedes desumanos quanto mais o podem ser. Agora, percebe-se certa tendência ao recuo, sobretudo que a USP repetiu gesto nascido em 1977, quando das Arcadas saiu o primeiro grande grito que ecoou muito além dos redutos e cavernas onde se escondem os covardes e vampiros de cada época. Como se fosse pouca a repercussão do debochado encontro do Presidente com os representantes de outros países, e se nada tivesse sido noticiado pelos mais importantes órgãos de comunicação, globo afora, um dos filhos zerados do Chefe do Poder Executivo está sob ameaça. A Comissão do Congresso norte-americano que apura a responsabilidade do ex-Presidente Donald Trump suspeita da participação do príncipe republicano brasileiro na invasão do Capitólio. Suas relações com Stephen Bannon e a comunidade de interesses que os aproxima pesam na suspeita dos congressistas dos Estados Unidos da América do Norte, quando ainda não estão suficientemente analisadas e esclarecidas as reiteradas ameaças do pai-rei, à ordem democrática e à campanha eleitoral e seu desfecho – que muitos dão como previsto. Lá, todavia, um subordinado ao Presidente-agitador negou-se a desempenhar o papel sujo desejado por Trump. Não foi somente o chefe militar quem concorreu para frustrar o golpe de lá, inspirador do que se avizinha daqui. O próprio vice-Presidente recusou os pretextos do derrotado e validou os votos que o empresário furibundo desejava tornar letra morta. Ah, quanta falta faz o orador romano Cícero! Quosque tandem, Catilina abuttere patientia nostra? (Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?)
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