Olho vivo

Por quase incrível, a informação parece coisa de desocupados. Ou no máximo, obra dos produtores e disseminadores de fake-news. De tantos, os absurdos que constituem o ambiente surreal que nos cerca, deve todavia ser levado em consideração. Desta vez, diz-se de um acórdão envolvendo os três poderes, para cumprir a máxima de Lampedusa - mudar tudo para tudo ficar como sempre foi. Assim têm sido vistos certos movimentos que têm como protagonistas ocupantes de altas posições nos poderes da República. As suspeitas relacionam atos em vários palcos, aparentando nada ter um a ver com os outros. No entanto, há quem os veja como passos de uma dança planejada, de que a anistia de 1979 terá sido marco pioneiro. Mexe-se com a casca para que a polpa se mantenha intocada. O convite ao Presidente da República para a posse do Ministro Alexandre Morais, no Supremo Tribunal Federal, dispensou intermediário. O futuro chefe do STF foi estafeta de si.mesmo. Outra visita, do sinistro da Economia à mais alta corte de Justiça é o segundo desses vergonhosos passos. Por todas as razões um desastrado negociador, Paulo Guedes teria ido ao Supremo oferecer trégua, a troco do sepultamento de inúmeras ações e o apagamento de extensa lista de crimes praticados nos ou por iniciativa de gabinetes do Poder Executivo. O terceiro passo dessa dança obscena ficaria entregue à lira insana do Presidente da Câmara Federal. Nada menos que a repetição do que o imperador romano Calígula fez, lá se foram tantos séculos. Neste caso, Incitatus foi feito senador. Vivêssemos tempos normais, ainda que infelizes, conviria receber as suspeitas com reservas. Não é bem o caso.