O significado dos números
Os números que o IBGE colhe e organiza, sobre a realidade econômica e social brasileira desenham perfil pouco animador. Interpretados sob as mais diversas influências e orientações filosóficas e ideológicas, tais números tanto podem servir à informação quanto à desinformação dos cidadãos. Prefiro-os analisados e interpretados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA. Do que li recentemente, a incerteza fiscal é mal capaz de somar-se à perversa realidade que a covid-19 impõe. Se somarmos a pandemia e o desequilíbrio das contas públicas, não se podem esperar mais que: inflação>aumento da dívida>baixo crescimento>investimento zero>desindustrialização crescente. Um ciclo alimentado pela prevalência do interesse eleiçoeiro sobre tudo o mais. Isso tudo, quando a pandemia e a corrupção já acabaram. Disse-o o Presidente da República, para quem sabe ouvir. Para completar o quadro de uma tragédia anunciada, a crescente e imbecil hostilidade ao nosso mais importante parceiro comercial. A China, mercado cada dia mais atrativo dos negócios internacionais, recebe tratamento inspirado nos piores sentimentos e nas mais estapafúrdias estratégias, se isso não seria exigir demais desse grupo que se assenhoreou do poder através de meios ilícitos e sem a menor condição de dirigir a mais humilde mercearia de bairro periférico. A essa gente despreparada e mal-intencionada não resta se não render homenagem a quem nos oprime e humilha. Perante o governo dos Estados Unidos da América do Norte, a conduta servil do nosso governo revela certo viés do patriotismo surreal a que se entrega. Pouco a pouco vão send liquidadas iniciativas que nos destacaram internacionalmente, pari passu com o desmantelamento da rede de proteção social a tanto custo tecida e a minimização do aparelho público, de que a tentativa de desmoralização do serviço oficial é o sinal mais aparente. Se alguns dessa gente instalada no poder soubessem tratar mesmo de números, talvez o trabalho do IBGE e do IPEA deixasse de ser vão.