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O peso da consciência

Em tentativa desesperada, o ex-capitão excluído das forças armadas tornado inelegível comanda hoje uma reunião com seus seguidores, na Avenida Paulista. Traz em seus ombros pesadas suspeitas de crimes de muitas ordens. Por causa disso, o extenso elenco de atos delituosos é objeto de investigações da Polícia Federal e mobiliza o Poder Judiciário. Nem todas as imputações foram apuradas e todos já sabem haver motivos suficientes para pôr os responsáveis em penitenciárias espalhadas pelo País. Frequentam o rol sob investigação quase todas as especialidades do Código Penal e de outros ramos do Direito. Como a revelar certa conduta normalmente avessa às determinações legais de todos os envolvidos no processo. Cada dia sentindo mais próxima a hora de receber a sentença previsível, o principal líder do grupo começa a apelar para o desespero, como se sabe, péssimo conselheiro. O silêncio concertado entre os depoentes da semana passada, de muito pouco serviu aos antes audaciosos e destemperados falastrões. A todos - aos membros do Poder Judiciário, em especial - soou como confissão de todas as ações de que são, por enquanto, apenas suspeitos. Assim, a reunião desta tarde, em frente ao previsível local em que ocorrerá, equivale a conhecida sentença popular: barco perdido, bem carregado. A ameaça maior contra os delinquentes vem, em grande medida, do fato de estarem todos submetidos ao devido processo legal. Os adversários jamais teriam o mesmo tratamento, diante do ímpeto autoritário da maioria dos que cercam o líder a quem emprestam culto fanático. É certo que a produção de um cadáver ainda pode estar na cogitação dos perseguidos pela Lei. As chances são menores de acontecer, se comparada a realidade atual com os fatos de Juiz de Fora, em 2018. O martírio, alternativa ainda não descartada, não confere com a covardia reiterada pela maioria dos manifestantes reunidos em frente da FIESP. O peso da cruz que gente desse tipo carrega e a consideração que ela dispensa ao mais conhecido crucificado não lhe onera os ombros, mas a consciência.

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