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O pé e o sapato

O tamanho do sapato só aperta o pé de quem o calça. A dor na bunda de quem recebe o pontapé é passageira, tão fugaz o efeito do ato agressor. Acaba naquele momento, embora a recusa dos menos inteligentes não o admita. Nada mais grave que recomendar mezinhas aos enfermos ou negar oxigênio aos ameaçados de asfixia. Tudo isso ajuda a interpretar as primeiras reações de Tarcísio de Freitas e Eduardo Leite, eleitos respectivamente governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul. Leite derrotou um dos criminosos confessos do uso do caixa 2, credencial que o fez fiel escudeiro do derrotado aspirante à manutenção da chefia do Poder Executivo. Ex-integrante dos quadros técnicos do governo de Dilma Rousseff, o engenheiro Tarcísio Freitas acrescentará ao currículo o exercício político em Estado de cuja capital não sabe nem o nome das ruas. De qualquer maneira, seu derrotado concorrente o cumprimentou e mostrou a disposição de ajudá-lo na tarefa de governar a mais rica unidade da Federação. Conduta substancialmente diferente da sempre adotada postura do atual Presidente, em mandato moribundo, em questão de dias para finar-se. Se Ônix Lorenzoni foi repudiado pelos gaúchos, diferente foi a opção dos paulistas. Elegeram um discípulo do ex que logo colocará esta partícula à palavra Presidente. O pagamento de multa pelo derrotado ex-Ministro da Cidadania consumou e sepultou o crime por ele praticado. Tarcísio ainda terá que explicar à Polícia e, depois, à Justiça Brasileira, o assassinato de um homem, pelo disparo de revólver de autoria e motivações ainda incertas. Passar da sandália ao sapato não é tão fácil.

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