top of page

O Mundo em 2049

Ignorância opcional e fanatismo impedem pessoas comuns e formadores de opinião de entender o Mundo. Seja qual for a intenção desses distraídos observadores (como se fosse possível a distração conviver com a observação), o resultado acaba por complicar a vida de todos. Fatos e notícias relacionados à pandemia têm gerado controvérsias quase impossíveis de imaginar. A interpretação do fatos, tão rejeitada pelo General-Ministro da Saúde, passa então a submeter-se não à relação entre o fato, a ocorrência, a realidade e o que dela se diz. Subordina-se, ao contrário, aos propósitos e intenções do intérprete, narrador como hoje se tem dito. Os mais de 200 mil cadáveres que a covid-19 mandou à sepultura o dizem. Esse, um exemplo localizado, não obstante encontrarem-se outros exemplares da conduta genocida aqui testemunhada. Globalmente, há questões cuja abordagem segue o mesmo tom. Não a negativa respaldada em argumento ou interpretação relacionada à realidade. Disso trata, por exemplo, análise tola do contexto Internacional, cenário propício a previsões e especulações. Umas, pueris ou tocadas por supina ignorância; eivadas de vícios e preconceitos as outras. Entender em que consiste o processo de globalização, seus modos de operar e as consequências sobre os países e suas respectivas populações é indispensável à apreensão adequada dessa realidade a que muitos dão de ombros. No entanto, esse encurtamento de distâncias por obra e graça da tecnologia, e a nova divisão do trabalho em nível global, respondem pela emergência da China como potência mundial. Impossível negar o poderio econômico e militar daquela nação, tanto quanto desmentir a previsão que se generaliza: antes do ano 2049, a República fundada por Mao Tse-Tung será a maior potência do Planeta. Seja qual for o regime político, ditadura ou democracia; entendam-se como forem entendidos esses dois sistemas – a acumulação lá registrada porá à dianteira de todos os demais países a Pátria de Xi-Jiao-Ping. A absorção e utilização de processos econômicos típicos do capitalismo, associadas ao modus faciendi respectivo, respondem pelo expressivo crescimento da China. A competitividade alcançada satisfaz os mais exigentes e rigorosos critérios do mercado, que certos valores consolidados ao longo de trajetória milenar temperaram. De tal sorte, que chamar de comunista aquela nação nada mais significa. Experimenta-se, lá, o capitalismo em sua mais perfeita e acaba tradução. Também cai no vazio inquinar o caráter autoritário do governo chinês, eis que não há qualquer incompatibilidade entre capitalismo e autoritarismo – se não se trata de um casamento perfeito. Sem entender essas peculiaridades e sem renunciar a preconceitos ou ignorância proposital, restarão a perplexidade, a surpresa e as frustrações. Como as que muitos experimentam agora. Nesse sentido, Trump e os energúmenos que o seguem nos ensinam muito. Uma das tarefas a que se devem devotar estadistas, filósofos, políticos e estudiosos consiste na tentativa de oferecer novos conceitos a termos por demais exaustos, como o de democracia. Talvez valha a pena ler o que diz a ex-Secretária de Comércio Exterior da OMC, Organização Mundial do Comércio, Tatiana Prazeres. Ela é autora de texto publicado na Folha de São Paulo de 07.01.2021.

1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

França e franceses

Mais uma vez vem da França o anúncio de novos avanços na História. Esta quinta-feira marca momento importante daquela sociedade, há mais de dois séculos sacudida pelo lema liberté, fraternité, egalité

Uso indevido

Muito do que se conhece dos povos mais antigos é devido à tradição oral e a outras formas de registro da realidade de então. Avulta nesse acúmulo e transmissão de conhecimentos a obra de escritores, f

Terei razão - ou não

Imagino-me general reformado, cuja atividade principal é ler os jornalões, quando não estou frente à televisão, clicando nervosamente o teclado do controle remoto. Entre uma espiada mais demorada e ou

bottom of page