Quando sobre o Planeta paira ameaça da qual pensáramos ter-nos desvencilhado, é sempre gratificante e oportuno ouvir brados de esperança. Estes não podem vir dos que negam a Ciência, odeiam a Vida, hostilizam a Verdade e desdenham da Humanidade. Proclamam-na, com a sabedoria e a serenidade dos que sabem, os produtores da Ciência, amantes da Vida, amigos da Verdade, legítimos seres humanos. De um desses, Antônio David Cattani, ouvi palavras cuja indignação não compromete o teor de esperança por elas mesmas suscitada. Disse-as o professor da UFRGS, na aula com que o Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia - PPGSA da UFPA abriu o ano letivo de 2022. Na tarde de 28 deste março de muita chuva. Discorrendo sobre a síndrome do mal que identifica na fase atual de nossa história, Cattani mostra quanto ilusão e esperança marcam presença em nossa trajetória, ora comprometendo a saúde, a vida e a paz; ora exigindo serena e fundamentada reflexão sobre o destino da humanidade. Referindo-se ao momento atual, o sociólogo e professor gaúcho pinça da realidade traços que, mesmo registrados em outra época, não foram ainda superados. O extravasamento do ódio, a violência contra os diferentes, o fanatismo político e religioso, a execração dos direitos humanos, a estupidez, a apologia da tortura - tudo isso não impede Cattani de mostrar a capacidade de a sociedade impedir o retrocesso civilizatório em marcha. Repor a História em outro caminho, aquele - o único! - que pode levar à paz, não obstante a vontade dos que não a desejam. Eles são minoria, como a proclamação esperançada do palestrante deixa claro.
(É certo que voltarei ao tema, oportunamente).
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