O mundo construído na perspectiva da desigualdade social, da opressão e do lucro é um fracasso.
Todo desenvolvimento tecnológico e científico não foi capaz de proporcionar qualidade de vida para a maioria da população mundial.
Persistem a fome e a concentração de terra; a ciência se tornou uma religião dominada por poucos, que insistem em tratar a verdade científica como única; as riquezas naturais foram apropriadas por conglomerados econômicos, que as utilizam de forma predatória; o homem continua o lobo do homem.
Este mundo fracassado nas suas relações humanas também criou coisas belas, como as artes e o conhecimento das coisas, mas na dura disputa com a brutalidade e com a subjugação do ser se tornou apenas uma resistência dos sonhadores.
A tão propalada razão fracassou. Não há razão enquanto valor do desenvolvimento humano num mundo que, crescentemente, desvaloriza a vida e já mergulhou em duas grandes guerras, além dos conflitos fratricidas em várias regiões do mundo. Foi esta razão que promoveu o genocídio de povos inteiros e deu suporte para a continuação da intolerância. A razão do lucro não é uma razão humana.
Se a arte e o conhecimento são resistências, somos resistência, e não devemos abrir mão das possibilidades de construção da humanidade e de um mundo baseado no respeito, na justiça e na solidariedade. É esta a nossa luta.
Lúcio Carril
Sociólogo
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