Novo - e trágico - produto
Está em todos os jornais. Os programas de televisão não os esconderam, durante todo o ano de 2020. O cenário espalhou-se em todas as direções, ocupando todos os lugares, enquanto preocupava a população. Desatentas, despreparadas ou desinteressadas, as autoridades esqueceram de suas responsabilidades, quando não se mostraram raivosamente hostis a qualquer forma de combate. E o vírus foi ganhando terreno e produzindo cadáveres. Às centenas, aos milhares, às dezenas de milhares, até chegar a quase 250 mil novos inabitantes dos cemitérios, Brasil a dentro. As recomendações da Ciência não só deram margem ao desdém, como estimularam o mais descarado charlatanismo de que se tem notícia. Tudo, reconheça-se, sob o aplauso e a cumplicidade de parte da população. Nesta, em segmentos fáceis de identificar, ainda que diferentes as motivações, macabras motivações. Houve (ainda os há, mesmo se menos numerosos) os que entoaram loas aos seus próprios malfeitores, conduta que alguns chamariam Síndrome de Estocolmo . Neste caso, atribuível à mais pura e simples ignorância ou a algum distúrbio mental ainda por investigar. Outros, porém, mesmo engrossando o coro dos primeiros, não raro financiando-os, sempre forçaram o descumprimento das regras de prevenção por que tanto se batem as organizações de saúde e os profissionais que a elas estão ligados. Dessa parte veio a convocação e organização de aglomerações e manifestações disseminadoras da covid-19. Assim se contará a história da pandemia, em que os genocidas parecem multidão de enlouquecidos, mas que de loucos nada têm. A não ser que sejam loucos pelo dinheiro. Não importa quantas serão as mulheres sem maridos, os viúvos, os órfãos produzidos. Merecem, sim, ser chamadas classes produtoras. Responder à pergunta produtoras de quê à História caberá.