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Foto do escritorProfessor Seráfico

Novela abjeta

Novela abjeta

Vão-se repetindo os capítulos da novela mais popular destes infaustos tempos, a CPI do Senado. Gilberto Braga, Manoel Carlos, Aguinaldo Silva, Dias Gomes, Glória Peres e Janet Clair teriam dificuldades, embora talentosíssimos, se tentassem criar tramas tão nojentas. Sua esperança no ser humano e os valores que os orientam/avam os impediriam de inventar situações, agentes e condutas tão pouco humanos. Tem-se visto e sabido muita coisa através dos depoimentos prestados diante dos senadores. O treinamento a que alguns se submeteram, longe de lhes facilitar o desepenho, apenas aguçou a curiosidade já elevada dos inquisidores. Da audiência aqui fora, também. Pelo andar da carruagem, logo as casas de aposta inglesas chegarão a incluir a CPI como fonte de algumas de suas disputas. Sentamo-nos frente ao televisor, logo as dúvidas surgem: quais as mentiras que serão proferidas pelos depoentes? Desta vez, o vice-Presidente Randolphe Rodrigues conterá o nervosismo, às vezes maior do que ostenta o inquirido? Omar Aziz, o Presidente, se convencerá de que a dureza dispensa cara feia? Renan parecerá menos como um justiceiro e mais como um político experiente, ao qual cabe responsabilidade pela apuração, mais que todos os outros? Marcos Rogério continuará a dar conta da encomenda que prometeu – a quem, e a que custo? Luiz Carlos Heinze e Eduardo Girão abrirão os olhos e os ouvidos, quando projetados os vídeos desmentidores do que alegam os depoentes? Fernando Bezerra Coelho conseguirá desviar-se dos problemas em que a PF o diz envolvido, e permanecerá firme na tropa de choque do governo? O senador pelo Ceará, o médico Otto Alencar dará mais uma aula de Medicina aos sábios que recomendam drogas ineficazes? Tasso Jereissati, de longe, continuará a espremer os interrogados e encurrala-los, sin perder la ternura?

Não se trata de saber quem matou Odete Roitman, porque desta vez são quase 500 mil os mortos. Nem a trama sai das cabeça de escritores de talento. Nossa realidade fantástica é que se expõe, com farto caleidoscópio de sentimentos e vícios distantes de nos divertir. Suficientes, porém, para gerar desânimo e nojo nos telespectadores. Imagine-se na multidão de órfãos e viúvos que a trama sinistra produziu e se compraz e multiplicar.

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