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Nossos contrastes

A concentração da riqueza no Amazonas, em Manaus principalmente, frequenta o noticiário, nestes primeiros dias de 2024. Uma espécie de inversão no conceito que todos temos, a respeito do que é e do que não é matéria de interesse jornalístico. Aquele conceito expresso com inegável foro de veracidade, embora distante de serena e profunda reflexão. Refiro-me à sentença se um cachorro morde um homem, isso não interessa editar; se um homem morde um cachorro, estamos diante de um fato altamente relevante. Mesmo sendo fácil identificar os fundamentos desse conceito, impossível aplaudi-lo integralmente. A não ser que a função dos media se esgote na superfície das coisas e dos fenômenos. A desigualdade, que a péssima distribuição da riqueza revela, aqui e alhures, entra pelos olhos de qualquer ser humano dotado do mínimo toque de solidariedade. Só os extraordinariamente egoístas não percebem isso, sem que seja necessário mostrar-lhes tabelas e gráficos acompanhadas de análises e interpretações muitas vezes a serviço de determinada causa, não dá verdade. Considerada uma cidade detentora de expressiva riqueza, a ponto de ocupar a 7a. posição dentre todas, Manaus ainda não passou da condição a ela atribuída pelo saudoso jornalista Gilberto Barbosa, o Gil. Vivemos na Manô dos mil contrastes. Identificar as razões do fenômeno parece dever dos que têm nas mãos parcelas do poder. Isso não ocorrerá, contudo, se persistir certo viés marcado na percepção de muitos dos detentores dessas parcelas do poder. Por ignorância a respeito de seus deveres funcionais, por vínculos com a casa grande egoísta e usurária ou, ainda, por intrínseca crueldade, é a ação desses agentes públicos que tem impedido conhecer-se o problema, reconhecê-lo e dedicar a ele a atenção que os cidadãos podem - e, sobretudo devem - exigir. Por que não o fazemos?

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