Um dia ainda desvendaremos algumas de nossas características como nação. Certo que só à custa de muito estudo e longe do ambiente mental e intelectualmente poluído, uma construção de que não nos podemos sob hipótese nenhuma nos orgulhar. Compreenderemos, então, certas condutas malsãs, responsáveis pela perda de respeito das demais nações e pela frustração dos anseios e sonhos de tantas gerações. Um desses fenômenos desafiadores da menor racionalidade diz respeito a práticas insistentemente reiteradas, propagadas e defendidas, sem que se analise qualquer de suas consequências. Pegue-se, por exemplo, a rotina em que se constitui a análise por profissionais das empresas dos currículos dos candidatos aos postos de trabalho. Desde o faxineiro até o CEO, todos têm sua trajetória avaliada, antes de porem os pés na portaria do estabelecimento. Isso não se aplica, nem se vê quem se interesse por essa elementar providência, quando se trata de preencher os mais poderosos e relevantes cargos da administração pública. Não apenas no Poder Executivo, que certo mau hábito costuma identificar com o governo, não obstante a tripartição de poderes. Ou seja, somos não-republicanos até nisso. No Judiciário, quanto no Legislativo, faz tempo que certas figuras surgem das sombras, não necessariamente por anomia ou coisa que o valha. Neste caso, reprovados em concurso público da carreira jurídica têm conseguido emplacar uma toga, e foragidos da Justiça conquistado o direito de elaborar leis. Graças a essa cumplicidade dos próprios eleitores, chega-se à realidade fantástica de hoje: um punhado de devedores tendo que cumprir deveres legais relacionados à punição de outros devedores. Pior, com parte da plateia protestando e agredindo o cumprimento desses deveres, porque também é pratica escolher, diante da fartura de delinquentes, quais os que merecem nossa reverência, nossa fidelidade e nossa cumplicidade. Quando seria a hora de exigir a punição dos bandidos instalados no Executivo e, logo em seguida, levar o peso da Lei aos outros, a disputa se trava em torno da preferência entre o bandido-amigo e o outro. Ou isso apenas esconde a inveja dos que, sem oportunidade ou coragem, ficam de olho na direção dos ventos? Outra de nossas peculiaridades? A conferir...
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Essa é a América Latina. Somos todos muito parecidos quando nos referimos às elites que por aqui habitam. De pai para filho desde 1500.
E nossos militares também adorariam fazer parte de repúblicas de banana.