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Nossa secessão

Pelo que se vê, o resultado da eleição do último domingo ainda não reuniu massa suficiente de análises, a não ser as que se dirigem à composição numérica do Congresso. A maior bancada da Câmara de Deputados, tanto quanto do Senado, fortalece a base do (des)governo. Nesse caso, nada pode impedir o reconhecimento da vitória do ódio e do autoritarismo. Do ponto de vista da economia regional e da execução de políticas de proteção ambiental e defesa das populações ribeirinhas, indígenas ou não, nada se pode esperar, se as urnas não favorecerem o candidato oposicionista. Comparáveis entre si, as políticas econômicas para a Amazônia (o Polo Industrial de Manaus, em especial) estabelecem grande e importante contradição entre os concorrentes. Lula sempre prestigiou o empresariado que, de fora ou de dentro, construiu sua fortuna no espaço que o Estado deu quase de graça, ao mesmo tempo em que facilitou a expansão do nível de emprego, renda e benefícios à cidade de Manaus. Isso é algo indiscutível. Sem que anulem as más consequências nem sempre destacadas (quando não maldosamente ocultadas) causadas à população. Ao contrário, desde 2019 acumulam-se tentativas de reduzir ou eliminar a competitividade das empresas sediadas no PIM-Manaus. Umas vezes, ditas com todas as letras; noutras, acompanhadas de falsas promessas, que o resultado das urnas de 02 de outubro apenas torna mais preocupantes. Os números que beneficiam o candidato à reeleição por ele jurada de extinção acrescentam razões para vê-lo o mais longe possível do Palácio do Planalto. Ainda mais, se Fernando Haddad não for o preferido pelos eleitores de São Paulo. Não precisa ser sequer economista, para perceber o peso que as bancadas dos estados do Sul e Sudeste tenderão a ter. Como se a expressão nós contra eles extrapolasse os limites apenas ideológicos e abrangesse as próprias regiões do País. Uma espécie de secessão, como a que pôs Sul contra Norte, nos Estados Unidos da América do Norte. Lá, as forças em combate eliminaram os inimigos e promoveram a morte de mais de 600 mil pessoas. Menos, porém, que guerra mais recente, a que mesmo a omissão deu enorme contribuição. Sendo que, nesta última, as batalhas mais importantes ocorreram nos hospitais da mesma cidade onde há o Polo Industrial, tornando-a o centro da pandemia. Se a opção do eleitor amazonense acompanhar a dos eleitores dos Estados do Sul e Sudeste, saiba cada um deles estar apenas determinando o fim de um modelo que, necessitado de reformulação, não pode ser substituído na questão de uma noite. Como vem sendo tentado, desde que Bernardo Cabral deu o jeito de empedrá-la nas normas constitucionais.

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