Quanto mais o cinto aperta, maior o desespero. Não trato, aqui, do desespero em que vivem milhões de brasileiros, a fome batendo-lhes à porta ou a iminência de faltar-lhes tudo à mesa. Falam por mim os números relacionados à violência cuidadosamente cultivada, de que a promoção da fabricação, venda, porte e comércio de armas se faz a mais contundente evidência. Considero, especificamente, aquele sentimento de que o cerco aperta. Se nem supostos poderosos vizinhos aparecem desnudos diante da opinião pública, não há como desdenhar de que o dia do desespero chegará. Pelo menos, para a maioria deles, se todos não é expressão adequada, ainda que a mais justa. Justifica-se, portanto, aumentar o tom da violência, por enquanto apenas verbal. Quem sabe será necessário ao ameaçado levar às últimas consequências seu próprio desespero? Há quem interprete o incêndio de Roma, o imperador degustando saborosas uvas refestelado em confortáveis poltronas, acomodado em confortáveis almofadas, resultado de mente afetada por maus sentimentos e - quem o diria com certeza? - por simples loucura. Raros os que conhecem a vida anterior do suposto tocador de lira. Torna-se difícil, todavia, emprestar os mesmos valores ou circunstâncias outras ao que assistimos no Brasil do centrão. Não o centro geográfico, mas o que reúne o que há de pior na vida política nacional. Aqueles que, pretextando representar eleitores e cidadãos conscientes, exercem mandatos comprados com todo tipo de moeda. Ilegal, quase sempre; imoral, muita vezes. Essa chusma que incendeia o País, se entranha no tecido da nacionalidade, corrói a cidadania e põe em risco a democracia. E a lira não para de tocar, neros multiplicados em império que um dia será o da Lei. Apesar de tudo...
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