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Nada mais que Justiça

Penso estarmos sendo relativamente injustos com o Presidente da República. Sua vida pregressa, a recente também, é marcada por tanta perversidade, que acabamos por não levar em conta as dificuldades que ele enfrenta. Já nem levo em consideração as mentiras que ele teima em disseminar, em proveito dele mesmo, de seus familiares e do círculo mais próximo. Pior, ainda, quando se constata o cometimento de atos absolutamente ilegais com o uso do dinheiro que ele pensa(?) ser dele. Nisso ele é mestre. Penso que um bom curso de Direito Penal seria muito bem servido, se as aulas abordassem o elenco de delitos por ele cometidos. Outras áreas e disciplinas do Direito não estariam excluídas, dada a desfaçatez com que o Presidente encara suas responsabilidades (?). O Direito Constitucional, o Direito Tributário, o Direito Administrativo, o Direito Ambiental, o Direito Minerário, e por aí vai - também têm sido ofendidos. Todos sabemos, todavia, que o curso de bacharelado em Direito dura cinco anos. Seria necessário estendê-lo, e isso não parece interessante. Para a sociedade, para a Universidade e para os próprios alunos. Esse é um lado da questão. O outro é o que tenta compreender as razões pelas quais, em justificado desespero, ele agride a ordem democrática e mantém permanente atentado ao Estado de Direito. Parecem dois lados de um mesmo problema, ambos ponderáveis. Nesse ponto, devem ser pelo menos entendidas as razões pelas quais ele concorre à reeleição, que prometeu extinguir, na caça aos votos de 2018. O candidato à reeleição não busca um mandato apenas. Ele agora se empenha em alcançar a impunidade, tão certo está de que os brasileiros sabem de sua conduta, reprovam-na em maioria e não deixarão em paz outro dirigente por ventura eleito, enquanto o antecessor não for prestar contas às autoridades policiais e ao Poder Judiciário. Este, impedido pelas normas constitucionais tão enxovalhadas pelo chefe do Poder Executivo, não tem mandato para, motu proprio, promover as denúncias cabíveis. Ao negar-se a participar de justo julgamento, todavia, estaria se acumpliciando ao denunciado, tanto quanto se engavetasse as numerosas denúncias. Tudo dentro do devido processo legal. O Brasil é demasiado experiente nas manobras que têm frustrado a legalidade e a legitimidade de numerosos processos. Muitas vezes, a serviço dos interesses dos que mandam, para os quais a Lei que os submete a julgamento sempre serão injustas. Só valem as que se aplicam aos malfeitos de seus adversários. Que o diga Sérgio Moro, que de juiz passou a justiceiro. E de justice4iro a enjeitado. Pelo menos, onde se levam a Justiça e o Direito a sério. Como tantos que têm seu nome registrado nos anais da Polícia. Por oportuno, lembremos do ex-Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, agora nas manchetes das melhores páginas policiais. Enfim, não faltam motivos para o Presidente da República ameaçar virar a mesa, quando as urnas eletrônicas que antes o elegeram anunciam resultado para ele pouco desejável. Se fossem apenas seus mais próximos familiares e auxiliares que estivessem envolvidos no extenso rol de atos delinquentes, ainda se poderia admitir que ele fingiria tudo ignorar. Não é o caso, porém. Não é fácil envolver pessoas tão queridas em qualquer ilícito, ainda mais usando em vão o nome de Jesus, e não entrar em desespero. Manda qualquer sentimento minimamente humano não pedirmos mais que a genuína Justiça, sempre em respeito ao devido processo legal. Os que militam na área jurídica sabem que isso é possível. Neste caso, ainda muitíssimo mais.

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