Quando – e se – os números apresentados e comentados pelo engenheiro Samuel Hanan forem ratificados pelo significado que os analistas e governantes lhes emprestarão, aí então teremos talvez a oportunidade de ver cumprida a profecia dos pais daquele estudioso amazonense. Comentarei menos do que poderia, à luz das informações que Hanan oferece, em oportuno e rico texto publicado na edição de 04 deste setembro enevoado de 2024 (Sonhos de um cidadão comum amazonense, este o título a ser buscado). Nele, as observações do velho Hanan, homem do interior da Região, são enriquecidas com outras manifestações, não necessariamente provindas de festejados especialistas ou de políticos influentes. Destaco duas dessas manifestações, pelo juízo que emitem, em ambos os casos coincidentes com o que os olhos do brasileiro mais comum constatam. Nem se tem necessidade de maior qualificação, se não a referência à própria sensibilidade e à ciência que dispensa os observadores da leitura de tratados e livros especializados. A primeira dessas citações de Hanan vem do professor, dramaturgo e romancista Ariano Suassuna: O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é o realista esperançoso. Em que pese minha ligeira discordância com a expressão do festejado e admirado paraibano que não entrava em aviões, acho procedente sua invocação, no texto comentado. Afinal, o autor dele é claro: O futuro é hoje, afirma em sentença que permite vê-lo determinado e certo de que isso é possível. Desde que, evidentemente, a outra citação seja levada em conta. Mais uma vez, de um poeta conhecido mais como cantor e compositor. Falo de Cazuza e do verso que ainda hoje ecoa nos ouvidos dos que não os têm de mercador: Brasil, mostra a tua cara/e eu não vou te trair/confia em mim. Samuel Hanan vai mais longe, ao fazer uma espécie de descrição quantitativa de nossas mazelas, muitas destas fruto das mentiras cuidadosamente plantadas e sofregamente divulgadas nos meios de comunicação, neste lamentável momento controlados ou constrangidos por agentes de interesse nada idêntico ao da maioria da população brasileira. Paro por aqui, porque confiante em que haverá cidadãos de boa-fé e portadoras das qualidades que o próprio Hanan valoriza (ética, honestidade e moral) capazes de interpretar os números como um desenho da realidade social com a qual convivemos. Não raro, produto de nossa própria conduta. Se, somadas à consciência de que a felicidade é prato que não pode ser saboreado na presença de multidão de infelizes, as considerações de Hanan podem levar àquele futuro a que já deveríamos ter chegado. Confio em que muitos lerão o texto de Samuel Hanan.
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