Em Procurador de araque (Na Onda, 28.7.2023) destaquei a hesitação oportunista do quase ex-Procurador Geral da República, Augusto Aras. De lá até aqui, observa-se a ratificação dos juízos ali emitidos - e muito mais. O que só faz aumentar a má imagem daquele que deveria ser o defensor da legalidade e dos direitos dos cidadãos. Se, antes, ele poderia ser a transfiguração do Vivaldino, da peça teatral de Goldoni, traduzida por Millôr Fernandes, agora ele revela desqualidades ostentadas por outras patéticas e lamentáveis figuras da História. Do ponto de vista artístico e literário, Grande Otelo fez papel mais digno e edificante. O ator, em Vivaldino, o criado de dois patrões, pôs seu extraordinário talento a serviço da melhor pedagogia, não fosse a peça uma vigorosa e impactante crítica de costumes. Na vida real, representada em outros palcos da Vida, Aras dá mostras da pequenez de certos indivíduos alçados a posições sociais relevantes. E seu exemplo, pelo que tem de ofensivo aos bons costumes, não merece mais que o nojo dos
seus contemporâneos. Como a craca que acompanha o navio, ele se apega tanto ao cargo, esquecendo-se de que a craca não abandona o navio na hora do naufrágio.
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