Faz dois anos, esta nau pôs-se a singrar mares imaginários, transpor terras inalcançáveis, voar em espaços desconhecidos. Se ainda não chegamos à utopia procurada, resta o consolo de jamais ter abandonado a gávea de onde espreitamos incansáveis a terra que buscamos. Haverá o dia em que ela se mostrará, aberta aos nossos melhores sentimentos, apta a satisfazer não a vaidade, a ambição, o desejo explorador, a voracidade da fome. No caminho percorrido não nos têm faltado outros nautas, igualmente convencidos de que não será vã nossa viagem, nem exaustiva a busca. Onde a esperança se instala não há lugar para o cansaço. Onde a solidariedade se hospeda a solidão não prospera. Onde o sonho orienta, mais próximo se faz o destino. Por isso, prosseguimos.
Aqui e acolá, os visitantes encontrarão alguma novidade, o atestado de que temos sabido aprender. Fazendo-o, arriscamos alterar o roteiro, não fosse toda viagem cercada de riscos! A periodicidade de algum material será da mesma forma alterada, porque não cabe aos nautas se não conviver com as procelas, enfrentar as tempestades, ajustar o leme e seguir em frente, pois lá estará o lugar sempre buscado.
O que não muda é bom logo dizer: a acolhida aos textos em prosa, verso e imagem que, insertos no ESPAÇO ABERTO, têm enriquecido o barco; as considerações e comentários que aparecem no CAMAROTE, lugar onde o navegador reflete e registra o que o olhar e os outros sentidos (às vezes, nenhum deles) permitem ver da gávea. Talvez haja mais algo diferente do que já foi nestes dois anos que se concluem. O que não muda e não mudará é o desejo de levar a nau ao destino a que não se chega, porque basta fazer por onde. Quando não faltam tripulantes de igual modo motivados, nenhum risco é maior do que a beleza do passeio. Haja sol!!!
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