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MOVIMENTOS REVOLUCIONÁRIOS E GOLPES DE ESTADO NO BRASIL

Atualizado: 2 de dez. de 2020

Orlando SAMPAIO SILVA

PARTE IV - O BRASIL REPÚBLICA

- 1889: O regime imperial não resistiu à crise econômica e social decorrente da Lei Áurea, 1888, firmada pela Princesa Isabel, filha de D. Pedro II (que estava viajando, fora do país), e que estatuiu o fim da escravidão. Na conjuntura de desorganização social decorrente, ocorreu o golpe militar, com a “proclamação da república”, pelo Marechal Deodoro da Fonseca, tendo na retaguarda lideranças civis republicanas e anti monarquistas, e o Ten.-Cel. Benjamin Constant, o principal ideólogo e ativista republicano. Queda do regime imperial e início do republicano. FIM OPFICIAL DA ESCRAVIDÃO. GOLPE MILITAR REPUBLICANO DE 15 DE NOVEMBRO DE 1889; FIM DA MONERQUIA; QUEDA DE D. PEDRO II;

- 1891: Chefiada pelo Almirante Custódio de Melo, ocorreu a primeira Revolta da Armada, insurgência militar contra Deodoro da Fonseca. 1ª REVOLTA DA ARMADA;

- 1891: Em 3 de novembro de 1891, em um golpe de estado, o primeiro presidente da república, Marechal Deodoro da Fonseca, dissolveu o Congresso Nacional com a intervenção do Exército na instituição, estabeleceu censura à imprensa e instaurou estado de sítio no país. GOLPE DE 3 DE NOVEMBRO;

- !891: O poder da república estava em convulsão. Então, no dia 22/11/1891, Deodoro da Fonseca renunciou à Presidência (sob a alegação de que estava doente) em um episódio que se configurou como mais um golpe de estado. Assumiu a Presidência da República o Marechal Floriano Peixoto, que era o Vice-Presidente e, Ministro da Guerra, tendo tomado posse no dia seguinte. GOLPE NO GOLPE DA REPÚBLICA;

1892: O Congresso Nacional é fechado pelo ditador Floriano Peixoto, com “aprovação” do próprio Congresso. “AUTO” FECHAMENTO; .

- 1893-1894: Movimento armado de oficiais da Marinha de Guerra contra Floriano Peixoto. 2ª REVOLTA DA ARMADA;

- 1893-1895: Revolução no Rio Grande do Sul, sendo governador Júlio de Castilho. Pretendia a renúncia de Floriano Peixoto e a restauração da monarquia. As tropas revoltosas, em sua marcha guerreira, chegaram a atingir o limite entre os Estados do Paraná e São Paulo. Governos de Floriano Peixoto e Prudente de Moraes. Derrotada. REVOLUÇÃO FEDERALISTA;

- 1895-1900: Insurreição popular separatista de cunho republicano, no Amapá. Abrangeu os governos de Prudente de Moraes e de Campos Salles na presidência da república. Neste tempo, o Amapá era parte do território do Estado do Pará, e veio a ser Território Federal do Amapá e, por último, Estado do Amapá. REPÚBLICA DE CUNANI;

- 1896-1897: Movimento revolucionário milenarista e salvacionista, sebastianista, no sertão da Bahia, conduzido pelo líder carismático Antônio Conselheiro, que reuniu milhares e milhares de sertanejos armados, homens e mulheres, movidos pela revolta contra o sofrimento da marginalidade social, da pobreza sem perspectiva, e por incontido fanatismo religioso e grande esperança de libertação do sofrimento. Também se posicionavam contra a república e pretendiam o retorno da monarquia. Os revoltosos, encastelados em um povoado que construíram em posição estratégica, derrotaram por duas vezes, as tropas do governo, que os tratava como inimigos. Foram vencidos na terceira investida dos governistas. Nas batalhas, morreram milhares de insubmissos e uma quantidade pouco conhecida de soldados, praças graduados e oficiais, inclusive coronéis e um general. Durante o governo de Prudente de Morais, na Presidências da República, o primeiro presidente civil. GUERRA DE CANUDOS

- 1898-1903: Conflito armado entre o Brasil e a Bolívia, que tinha por fulcro a anexação do território do hoje Estado do Acre ao território brasileiro. Estas terras pertenciam à Bolívia, que não as ocupava. Elas vieram a ser ocupadas por brasileiros empenhados na economia da extração da borracha nos seringais naturais abundantes nessa região. No caso, também estavam em jogo os interesses econômicos norte-americanos representados na área pelo Bolivian Sindicate. Com a ação diplomática de Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, foi assinado o Tratado de Petrópolis, de 17/6/1903 com o qual a Bolívia reconheceu a soberania do Brasil na área em questão, mas, em troca, nosso país ficou obrigado a construir uma estrada de ferro - a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré -, que transportaria a produção gomífera boliviana de Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, até o porto fluvial de Rio Branco, no Acre, para aí ser embarcada para a exportação. Construímos a estrada de ferro. A construção desta estrada foi em parte terceirizada pelo governo ao especulador Pereival Facquhar, ponta de lança do capital norte-americano. Neste movimento patriótico da conquista do Acre, o grande líder revolucionário brasileiro foi Plácido de Castro. Estas ocorrências se efetivaram nos governos de Campos Salles e Rodrigues Alves, na presidência da república. A CONQUISTA DO ACRE;

- 1904: No período de 10 a 16 de novembro de 1904, sendo presidente da República Rodrigues Alves, ocorreu, no Rio de Janeiro, a denominada Revolta da Vacina, uma violenta reação popular contra a vacina antivariólica obrigatória. A capital da República era governada autoritariamente pelo prefeito Pereira Passos e o médico sanitarista Oswaldo Cruz era o Diretor da Saúde Pública no DF (RJ). Morreram 3.500 infetados pela varíola e 1.800 estavam internados apenas em um hospital. Positivistas alegavam ser a obrigatoriedade da vacina uma agressão aos direitos individuais (lembrar: não estou me referindo aos governos de Trump e Bolsonaro, de agora... trata-se de episódio histórico de 1904!). Florianistas (partidários de Floriano Peixoto), opositores ao governo de R. Alves, aliaram-se aos populares revoltosos objetivando a queda do presidente da república. Houve diversos confrontos violentos entre populares e forças do governo, em diferentes bairros da cidade. O oficial do Exército Lauro Sodré, paraense, conduziu 300 cadetes armados da Escola Militar ao Palácio do Catete, pretendendo dar um golpe de estado. A Marinha, fiel ao governo, bombardeou a Escola Militar e os cadetes se renderam. A vacina continuou obrigatória. Convém que reflitamos sobre este grave episódio da história republicana, neste momento em que o povo brasileiro e a humanidade se encontram sob a trágica pandemia do Covid 19 (corona vírus). REVOLTA DA VACINA;

- 1910: Revolta conduzida pelo marinheiro João Cândido, o “Almirante Negro”, que reagia contra as punições violentas na imposição da hierarquia e da disciplina com chibatadas cometidas pelos graduados na Marinha de Guerra. No governo do Marechal Hermes da Fonseca. 22 a 27/11/1910. REVOLTA DA CHIBATA;

- 1912-1916: Revolta de trabalhadores rurais contra a expansão dos madeireiros sobre as matas em que os revoltosos trabalhavam e habitavam. Entre os invasores, o investidor e especulador norte-americano Pereival Farquhar, que estava financiado pelo governo brasileiro na construção a Estrada de Ferro São Paulo - R. G. do Sul, que atravessou a região conflituosa. Ao mesmo tempo, uma disputa conflitiva de território entre Sta. Catarina e o Paraná, que deu nome ao movimento armado, e que, também, teve conotações messiânicas e milenaristas, sebastianista, com a participação de líderes carismáticos populares. Governos de Hermes da Fonseca e de Wenceslau Braz. GUERRA DO CONTESTADO;

- 1913-1914: Revolta salvacionista de sertanejos fanático-religiosos, na busca de curas milagrosas e, da superação da miséria social, que se reuniram em torno do líder carismático e político cearense Pe. Cícero Romão, no sertão do Cariri, Juazeiro do Norte, no Ceará. Era presidente da república o Marechal Hermes da Fonseca. REVOLTA DE JUAZEIRO - Pe. CÍCERO;

- 1922-1938: O cangaço foi um fenômeno social, que se manifestou no Nordeste Brasileiro, marcado por ações violentas praticadas por pessoas quase sempre organizadas em bandos, grupos, que atuavam à margem da sociedade na qual, quase sempre, haviam sido vítimas, direta ou indiretamente, de graves agressões, sendo que estas tiveram, nesta manifestação social, funções originárias e etiológicas, em uma relação de causa e efeito (ação violenta: surgimento do cangaceiro). Os chefes de bando, em geral, foram levados às práticas socialmente marginais do cangaço com o propósito de vingar o assassinato de parentes seus muito próximos. O animus que os movia estava eivado do sentimento de vingança. Este não era contido com a morte do agressor do parente, pois, quase sempre, se expandia atingindo seus parentes em uma progressão de violências que vinha a tornar-se irreprimível. Os bandos de cangaceiros vieram a organizar-se em grupos sociais armados (facas, punhais, mesmo, espadins, armas de fogo com muita munição nos bornais e nas cartucheiras cruzadas em seus peitos) com existência de longa duração, movendo-se na caatinga do sertão como uma espécie de “vingadores sociais”, até que fossem extintos pela ação armada das “volantes” de policiais. Da vingança individual vieram a tornar-se bandos de desajustados agressivos em meio a uma sociedade hierarquizada e socialmente injusta, exploradora das camadas de trabalhadores rurais, que viviam (vivem) em injusta pobreza. Pessoas como tais se uniam nos grupos de cangaceiros. Lampião foi o mais célebre cangaceiro brasileiro. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu em junho de 1898, em Vila Bela, hoje Serra Talhada, no sertão de Pernambuco. Morreu em Poço Redondo, Sergipe, no dia 28/7/1938, aos 40 anos de idade. O pai de Virgulino foi morto pela polícia em um embate no âmbito de disputas de terras entre famílias sertanejas. Para vingar a morte de seu pai, Virgulino tornou-se cangaceiro, passou a ser conhecido como Lampião, organizou seu bando de cangaceiros composto de “cabras” sertanejos e atuou no cangaço desde 1922 até sua morte. O bando de Lampião agitou o sertão nordestino, em meio às injustiças sociais em uma sociedade na qual prevaleciam os interesses dos “coronéis” fazendeiros. Antes de Lampião, houve outros cangaceiros que ficaram famosos, entre os quais, Antônio Silvino. O bando de Lampião era sexualmente misto, com participantes homens, como Alecrim, Colchete, Elétrico, Moeda, Quinta-Feira, Corisco, Moderno, Dadá, Neném, Sabino Gomes, Massilon Leite, Jararaca, Luiz Pedro Mergulhão etc., e, mulheres, tais como Maria Bonita, a mulher de Lampião, Enedina, Macela e outras. Lampião era também chamado de Capitão Virgulino e foi considerado, em seu tempo, o “Rei do Cangaço”. Os cangaceiros se tornaram um tipo social característico do Nordeste Brasileiro. Eles ora atuavam como bandidos perversos, assassinos e assaltantes, ora como aliados dos sertanejos mais pobres. Havia “coronéis” do sertão que os perseguiam como inimigos que temiam, e havia, também, os fazendeiros que recebiam Lampião em suas propriedades com respeito e amizade, esperando, inclusive que ele, com seu bando, os protegesse de seus inimigos. O Padre Cícero era amigo de Lampião e o recebeu em Juazeiro. O político religioso tentou levar Lampião com seu bando a enfrentar a Coluna Prestes em seu percurso pelo sertão nordestino. O confronto não se concretizou. Os cangaceiros despertavam grande medo nas populações interioranas (eles usavam suas armas brancas com muita desenvoltura, quando “sangravam” - matavam - um inimigo, um “cabra da peste”, um “macaco amarelo” – policial -), mas, também, foram admirados, nessa região, foram mitificados como benfeitores dos pobres. Lampião tornou-se um mito. Lampião e seu bando foram mortos, em meio à caatinga, pelas tropas do governo, que os degolaram e levaram suas cabeças, que foram exibidas em Salvador, BA. Nesta cidade, em um espetáculo macabro, as cabeças de Lampião e as de seus companheiros de bando, foram expostas no Museu Antropológico Nina Rodrigues, de onde vieram a ser retiradas e enterradas, em face da reação ética e humanitária de antropólogos, professores, juristas e da sociedade de Salvador. O CANGAÇO E OS CANGACEIROS. LAMPIÃO;

- 1922: Os tenentes, jovens oficiais que participaram do Movimento Tenentista, no que tange aos ideais e convicções sobre o poder da república, tiveram como antecedentes, na história do Exército Brasileiro, os “jovens turcos”. Estes foram tenentes que, nos primeiros anos do Século XX, estagiaram no Exército prussiano (da Alemanha). Assim como os tenentistas, os jovens turcos, com fundamentação no pensamento positivista, eram críticos aos governos brasileiros civis da Primeira República e, contra a corrupção, posicionavam-se pela ordem com progresso, pela hierarquia e pela disciplina, achavam que os militares eram mais e melhor preparados que os civis para dirigir a nação, mas, diferente dos tenentistas, os jovens turcos não realizaram nenhum movimento sedicioso nas FF.AA. . Os tenentistas, em 1922, projetaram a concretização de um levante armado de oficiais de baixas patentes e praças contra o governo de Epitácio Pessoa. Nesta ocasião, havia sido eleito presidente da república Arthur Bernardes, a quem os tenentistas também se opunham. O levante como um todo fracassou, mas, um grupo de oficiais, aquartelados no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, partiu de seu bunker pela Av. Atlântica, cada qual portando uma simples arma individual. Eram os “18 do Forte de Copacabana”. Foram massacrados pela tropa do governo, tendo morrido diversos oficiais subalternos e praças graduadas. Salvaram-se feridos os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. MOVIMENTO TENENTISTA - LEVANTE DOS 18 DO FORTE DE COPACABANA;

- 1924-1927: Os tenentistas, novamente, planejaram um grande levante militar nacional para 1924. Ocorreram insurgências no Amazonas, onde os tenentistas chegaram a conquistar o poder por breves dias, na denominada Comuna de Manaus; no Pará (onde ocorreram combates de rua em Belém entre rebelados e tropas governamentais); em Sergipe; em Mato Grosso; em São Paulo, e no Rio Grande do Sul. Em São Paulo, foi formada a Coluna Paulista e no RS, a Coluna Prestes. A Coluna Paulista, sob o comando do General Isidoro D. Lopes e da qual fazia parte o Major da Polícia Militar de São Paulo Miguel Costa e outros jovens oficiais (alguns dos quais vieram a se tornar importantes na nossa história), seguiu para Foz do Iguaçu; a Coluna riograndense - Coluna Prestes -, sob o comando do capitão Luiz Carlos Prestes, marchou para o norte ao encontro da Col. Paulista. As duas Colunas se encontraram em Foz do Iguaçu, fundiram-se na Coluna Miguel Costa-Prestes e seguiram em direção ao norte do país. O comandante desta Coluna foi o Major Miguel Costa (a mais alta patente, na Coluna); subcomandante, o Capitão do Exército Luis Carlos Prestes; chefe do estado maior, o 1º Tenente Juarez Távora, e chefes de Destacamentos os Tenentes Cordeiro de Farias, Siqueira Campos, João Alberto e Djalma Dutra. Alguns oficiais, como Estilac Leal (ferido), Filinto Müller (expulso) e o General Isidoro D. Lopes (idoso), não seguiram com a Coluna. De 1924 a 1927, a Coluna, formada por cerca de 1.500 integrantes em armas, percorreu e atravessou Estados do Sul, Centro Oeste e Nordeste. Os amotinados esperavam que ocorressem, em todo o país, levantes militares solidários com eles e que, assim, com essa força armada amotinada, depusessem o Presidente da República e conquistassem o poder para os militares. Isto não aconteceu, exceto, no Amazonas (cf. acima). A marcha da Coluna exigiu um esforço inimaginável de logística (foram feitas apropriações), tendo em vista o avultado número de participantes, a imensa área territorial percorrida e o tempo levado no percurso! Entre os revolucionários se encontravam principalmente soldados, mas, também, muitos civis, entre os quais mulheres. Os revolucionários não caminhavam em um único bloco; estavam divididos em quatro Destacamentos, sob o comando de oficiais (cf. acima), os quais marchavam sob um Comando Geral único, mas distantes entre si, mantendo contatos por mensageiros e em reuniões esporádicas dos comandantes das unidades com o C. G. Neste período foram Presidentes da República, contra os quais os tenentistas se insurgiam, Arthur Bernardes e Washington Luiz. A Coluna teve alguns entreveros com tropas governamentais. Não foram vencidos no campo de batalha. Depois de quase três anos de marcha pelo interior do país, os insurgentes isolados, desistiram da empreitada e se embrenharam, em parte, no território da Bolívia com Luiz Carlos Prestes, pondo fim ao movimento revolucionário. MOVIMENTO TENENTISTA - COLUNA PAULISTA/COLUNA PRESTES.

(Continua)

N O T A 1 – O pequeno texto que vem a seguir versa sobre o surto messiânico-milenarista-sebastianista da Pedra Bonita, que ocorreu ainda no Período Imperial, em Pernambuco. Dado o relevo histórico de referido acontecimento marcado pela tragédia, sugiro que este item seja inserido, na sequência cronológica, no Capítulo referente ao BRASIL REINO / IMPÉRIO, anteriormente publicado e distribuído.

- 1836-38: Um movimento milenarista de cunho sebastianista teve lugar, neste período, em Vila Bela, comarca de Flores, onde atualmente se encontra o município de São José do Belmonte, no sertão de Pernambuco. Os fatos, cuja síntese farei a seguir, ficaram conhecidos e registrados na história, na antropologia, na tradição oral, na literatura de cordel e no romanceiro como o movimento fanático-religioso messiânico da Pedra Bonita, pois os episódios centrais ocorreram em torno de grandes formações rochosas, com imensas colunas de pedra, que tinham este nome, onde os fanáticos se concentravam. Três homens, ligados por laços de parentesco, João Antônio dos Santos (morador do sítio Pedra Bonita), João Ferreira, cunhado do primeiro, e Pedro Antônio, irmão de João Antônio, estiveram no centro nevrálgico dos acontecimentos. Sucessivamente, um após o outro, estes sertanejos assumiram posições de líderes messiânicos anunciando ao povo do sertão a volta do rei D. Sebastião que traria seus tesouros que seriam distribuídos entre seus adoradores e que operaria milagres que beneficiariam a todos os que sacrificassem heroicamente suas vidas, pois ressuscitariam: os velhos, jovens; os pretos, embranquecidos; todos os ressuscitados ficariam ricos, imortais e poderosos. Uma multidão de sertanejos pobres acedeu ao chamamento dos líderes carismáticos concentrando-se na Pedra Bonita. Os líderes anunciavam a vinda do rei, mas, também, se autodenominavam reis. Era adotada a poligamia, tanto que o líder João Ferreira teve sete mulheres como esposas. Na Pedra Bonita havia uma gruta, onde o líder reunia um grande número de fanáticos, onde consumiam o vinho da jurema. Até que, um grupo de fanáticos, na ilusão e no delírio da crença nas graças prometidas pelo líder João Ferreira, nos dias 14 a 17 de maio de 1838, ofereceram-se ao sacrifício de suas vidas. “ ‘Homens e mulheres entregaram os filhos para serem decapitados ou ter os crânios esmagados contra a rocha. Um velho atira-se do alto da pedra dos sacrifícios com dois netos nos braços. Uma viúva, desejosa de ser rainha, imola os dois filhos menores e se desespera porque os dois maiores fugiram. O pai do rei é sacrificado. José Vieira, um dos carrascos, corta o braço do filho, antes de matá-lo, e o menino pergunta: ‘Meu pai, você não dizia que me queria tanto bem?’. Isabel, irmã de José [João] Antônio, o primeiro rei, é conduzida para a rampa dos carrascos em adiantado estado de gravidez e embriagada, ‘para não ter dois sofrimentos’, ... quando lhe deceparam a cabeça, ela dá à luz e a criança também rola no chão. Durante três dias correu o sangue de 30 crianças, 12 homens e 11 mulheres. E mais 14 cães, que ressuscitariam como dragões vingadores contra os poderosos’ (Sangirardi Jr., 1983, p. 199). Para concluir: o líder fanático Pedro Antônio, para vingar a morte de duas de suas irmãs, na matança, matou cruelmente o líder João Ferreira, assumiu o comando do movimento, mas, denunciado por um dos fanáticos que, arrependido e tomando consciência da tragédia, fugiu do local e denunciou às autoridades aquela ‘loucura coletiva’, do que decorreu que um destacamento policial se dirigiu à Pedra Bonita, - o ‘reino encantado’ -, ‘onde o rei e seus súditos foram esmagados”. (Citação de Roberto de Azeredo Grünewald, Jurema, Ed. Mercado de Letras, Campinas, 2020, 84-88). José Lins do Rego é autor de “Pedra Bonita”, romance exemplar do ciclo do Nordeste, que desenvolve a trama romanesca centrado nesses acontecimentos acima registrados. MOVIMENTO MESSIÂNICO SEBASTIANISTA DA PEDRA BONITA;

N O T A 2 – Democracia com justiça social. Contra os autoritarismos, o fascismo, o neoliberalismo. 75 anos do Tribunal de Nuremberg: condenação de criminosos nazistas. Liberdade, igualdade e fraternidade, lema civilizatório para o nosso país. Justiça social com democracia, com o povo e com liberdade. Fustiguemos o racismo! Enfim, a Frente Política pela Democracia! Paulistana e nacional. PELA VITÓRIA!

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