Não faz muito tempo, tive os olhos abertos para uma questão de que antes sequer me apercebera: podem os animais ditos inferiores ser considerados titulares de direitos? Um amigo, muito mais jovem, foi o primeiro a me revelar a nova percepção dos estudiosos, em relação a cães, gatos, e, em especial, outros animais domésticos. Muitos dos quais parte de espécies antes perseguidas e mortas pelos que se dizem superiores. É bem o caso de sapos, lagartixas, até cobras, das quais boa parte da sociedade humana ainda foge como fugia antes o diabo da cruz. Hoje isso está mudado, graças à ação dos diabos que ostentam o instrumento de suplício a que foi submetido o peregrino da Judeia. Coisa aí do ano 33. d.C. Com ela, pintam e bordam. Pois bem, a partir daquela informação que me foi dada pelo sociólogo e filósofo da ciência Adriano Premebida, passei a refletir sobre o assunto. Reduzi-o a uma pergunta, que orienta hoje minha consideração aos animais. Dentre estes, aqueles que convivem mais próximos dos seres humanos, os cães e os gatos, em especial. Sabe-los titulares de direitos importa vê-los como em constante evolução, porque assim nos ensinou Darwin. Embora nem todos tenhamos deixado de ser os símios originais, o certo é que muita coisa nos diferencia deles. Apesar da resistência de muitos, reincidentes em práticas que desautorizaram incluí-los na categoria de animais superiores. Reduzem-se à aparência todos os sinais de que alcançaram a categoria a que chegou o pitecantrhopus erectus. Felizmente, eles ainda não são maioria, a despeito de buscarem chegar nesse ponto. Há de reconhecer-se, porém, quanto qualidades atribuídas aos animais que a língua inglesa manda chamar pets torna plausível admiti-las, pelo menos elas, em franco processo evolutivo. Qual sua configuração futura, qual sua linguagem, como será sua sociedade, quem souber ou suspeitar, não esqueça de dizer-me. O fato é que meu comportamento em relação aos animais não é o mesmo. Mudei eu, talvez não tanto quanto eles mesmos mudaram. Minha mudança, todavia, não compromete a observação de outras situações, capazes de revelar descuido quanto ao tratamento dispensado aos seres humanos. Veio-me essa inquietação à mente, na noite de 02 deste mês de fevereiro de 2025, ao assistir ao (infeliz) show da vida. Algo realmente fantástico, pelo que anuncia, dadas as manifestações registradas e destacadas pelo programa de televisão. A matéria, cheia de lugares comuns e loas ao comportamento de dissipadores de fortunas, parece elaborada em algum lugar onde se terá instalado o paraíso terrestre. Um reino em que não há milhões de crianças morrendo de fome, onde a doença tem registro zero, onde a felicidade é justamente distribuída entre todos. Só que não é esse o caso. Assim, os cuidados e mimos dedicados aos pets não corresponde à atenção dispensada às crianças, às vezes, vinculadas por parentesco com os tutores de cães, gatos e outros de espécies diferentes. Nada tenho contra que se cuide bem dos animais de estimação. Em especial, a abstenção de maus tratos e os cuidados higiênicos de que são merecedores. Gostaria apenas de lembrar quanto há seres humanos carentes dessas mesmas atenções. Entre uns e outros, minha preferência é pelos ditos animais superiores. Talvez minha reserva de amor seja tão pequena, que sobra pouco para os outros animais. Os humanos me são mais próximos. Talvez os ame, por isso.
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