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Foto do escritorProfessor Seráfico

Meus limites

Mais de oitenta anos depois de posto no Mundo/mundo, ocupo-me mais de realizar o que me resta de sonhos. Sabendo-a uma tarefa impossível. Ainda bem! Quando me percebi um dos bilhões de habitantes da Terra, a sociedade perdeu aquele sentido abstrato nem sempre nem por todos percebido. Daí resultou meu compromisso de ajustar, tanto quanto possível, meus sonhos aos sonhos dos outros. Assim tenho levado a vida, aprendendo todo dia -, reconhecendo-me como humano toda vez em que me reconheço em erro. Isso quer dizer quanto tenho aprendido. Por isso, também vi fortalecidas em mim algumas verdades, como todas elas - as minhas e as dos outros -, sempre sujeitas a críticas e responsabilidades. É dessa circunstância que nascem a tolerância e a firmeza. Tolerar mesmo as tolices dos outros, equivale a assumir as responsabilidades pelas verdades que me alimentam. Uma delas, a de que a vontade individual e as relações sociais a ela ligadas constituem a matéria prima da Política. Uma tentativa, talvez, de reduzir e resumir o que Aristóteles dizia sobre a essência do homem. A decorrência disso, em mim, é a percepção de que os orientados pelo instinto ainda não conseguiram (jamais conseguirão, eu cogito) romper os grilhões da animalidade de que todos somos portadores. Sendo assim, o sonho de contribuir para mudar o Mundo/mundo, fazê-lo melhor, é minha verdade suprema. Isso me obriga, cada dia mais, a excluir velhos preconceitos, lugares comuns, slogans, palavras de ordem e argumentos ou pretextos que trouxeram o Planeta à deplorável situação em que se encontra. Números já não me interessam, tão cansado estou de vê-los justificar o injusto. De seu uso para demonstrar o que agride a sensibilidade humana e eles fazem parecer diferente. Outra verdade a que me afeiçoo diz respeito a admitir que tudo quanto passa pela cabeça do homem ( e da mulher, por óbvio), ele/ela um dia o fará. Interrompo aqui, porque exaurir o tema e a reflexão é algo impossível, para revelar o compromisso que prolonga minha vida: colaborar para a construção de um globo melhor. Mais justo. Mais alegre. Mais solidário. Em que as mais bem elaboradas tabelas e as mais bem construídas contas não dão conta da realidade que os olhos enxergam, os ouvidos ouvem, ao tato arrepia, as narinas sentem enquanto o coração sangra e o cérebro se agita. Às favas os números e o que eles querem - e, ao mesmo tempo não querem! - dizer. E o que eles escondem. A eles, prefiro as minhas próprias percepções. E os sentimentos que elas me despertam.


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