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Macabro mais que patético

Macabro mais que patético


Atribuir o qualificativo patético ao senador Luís Carlos Heinze (RS), seria por demais generoso. Antes de apresentar as razões do que afirmo, explico a ausência da sigla à qual o representante gaúcho se vincula, o PP. Antes, como boa parte dos colegas, ele percorreu outros partidos, em trajetória política de 22 anos. Um espécime dessa espécie migratória sempre em intensa e frenética mobilidade, na aproximação sucessiva do cofre público. Disso resultou ser indicado pela Polícia Federal, em 06 de março de 2015, por suposto envolvimento nas atividades que o conluio liderado pelo duo desmoralizado Sérgio Moro/Deltan Dallagnoll, conforme delação premiada do doleiro Alberto Youssef, investigou. Não causa surpresa, portanto, o desempenho de Heinze como um dos mais dedicados e fiéis integrantes da tropa de choque do Presidente da República, na CPI. Agrônomo e pecuarista, o senador sempre que intervém nos trabalhos da Comissão presta informações sobre o andamento da vacinação e os recursos destinados pelo governo federal a esse objetivo. Em menção ligeira e, em geral, propositalmente inaudível, diz deplorar o número de mortos. Ao dizê-lo, porém, não consegue esconder o incômodo que o aflige. Diz, portanto, o que lhe desagrada dizer, como se nenhuma responsabilidade coubesse aios que incensa e defende com inusitado fervor. É como se, raposa experimentada em mandatos sucessivos, os a quem empresta solidariedade e apoio nada tivessem a ver com a pandemia e as centenas de milhares de mortes por ela causada. Acostumado ao trato com o gado de que é proprietário, dispensa cuidados avessos à ciência, em especial a Medicina, avessa às mezinhas que não se peja em recomendar aos animais ditos superiores. Não obstante sua patetice, ele não se contém nela, pois de seu apoio se nutre o quadro macabro com que os brasileiros convivemos, desde que a pandemia pôs luz na incompetência, na perversidade e na necropolítica em vigor.

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