O recente atentado terrorista contra a democracia, de que a frustrada explosão do Supremo Tribunal Federal é exemplo digno de atenção, trouxe além da inquietação à população brasileira, também interpretações as mais diversas. Uma delas, o empenho em considerar o terrorismo algo possível de expressar apenas como revelação da insatisfação ou do estado delirante de seu autor. Assim considerado, Francisco Wanderley Luiz seria apenas um lobo solitário. Sua ação teria sido motivada por enorme insatisfação com a vida e a total desesperança que dele se teria apossado. Tal interpretação logo ganhou publicidade, pelos benefícios que poderia trazer a outros de alguma forma implicados na ação criminosa. Se a intenção do terrorista “suicida” poderia passar como repetição de tantos outros sacrificados na esperança de dispor das doze virgens prometidas aos seguidores de Bin Laden e outros desavisados muçulmanos, a cobertura de eventuais cúmplices de Francisco Tiú estaria bem servida. A frustração do atentado de 13 deste mês, porém, não demorou a produzir mais ameaças contra os que atentam e continuarão atentando contra o Estado Democrático de Direito. A não ser que a apuração dos delitos em série cometidos demore e os culpados não receberem a punição resultante do devido processo legal. Investigações anteriores ao fato de 13 de novembro último autorizam cogitar de que Francisco Luiz não fugiu à característica gregária do ser dito humano, tanto quanto não é hábito dos lobos viverem fora de sua alcateia. Mais avança a apuração dos fatos de que a Polícia Federal se encarrega, reunidos os diversos momentos em que o terror pôs a cabeça de fora, mais se encontra o fio condutor que faz de todos esses nefastos acontecimentos nada mais que um processo contínuo, de que quase não falta sequer a indicação dos envolvidos. A delação premiada a que chegaram as autoridades judiciais e o ex-fac-totum do ex-Presidente da República, ainda que viciada e suspeita de se destinar a esconder, não a esclarecer, parece agora perder qualquer sentido. Esse, um aspecto importante a destacar, exigente inclusive de levar à saudação da tecnologia que estancou o propósito enganador do depoente beneficiado. O que o o Cid antípoda do herói espanhol de igual nome pretendeu, não conseguiu. Uma coisa – o golpe de estado – e a outra – esconder os cúmplices. Agora, Cid possivelmente terá anulado o acordo de delação, não sendo descartável a hipótese de se ver sujeito a nova prisão. Dos lobos, diz-se fartarem seu apetite com uma visita ao galinheiro. Quando postos a dirigir o galinheiro, aí então maior sua alegria, ainda mais satisfeitos serão seus apetites. De toda ordem. Com certos homens, não é diferente. Por isso, e por sua vocação gregária, que o pastor John Done já sentenciou, faz séculos, eles sabem organizar-se, para o bem e para o mal. Para construir uma cidade, como Juscelino provou, lá se vão mais de 60 anos, ou para produzir golpes de estado e mortes. Como a realidade dos nossos dias revela. Em suma: a impunidade (dado que o prêmio concedido ao suspeito de liderar a tentativa em curso parece a raiz de tudo) não poderia nos trazer consequências saudáveis. Sejam todos presos! Ou o terrorismo é algo que mereça nosso respeito e nossa adesão?
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