Leitor atento da Redução Sociológica de Guerreiro Ramos, vez por outra tenho a oportunidade de usar alguns dos conceitos por ele tratados, ao estabelecer o que chamou “leis da redução sociológica”. Não que o criador e dirigente do Instituto Social de Estudos Brasileiros – ISEB desejasse aproximar as leis da Física das circunstâncias condicionantes da dinâmica social. Como ferramenta de análise, compreensão e interpretação da vida social, todavia, vejo pertinência em seguir algumas das recomendações do ex-professor e deputado federal baiano. Reporto-me, agora, à “lei das fases”, um dos quatro pilares da interessante obra acima mencionada. Deve-se entender, segundo Guerreiro Ramos, a causalidade dos fatos sociais, uns ou um conjunto deles sendo raízes dos que virão depois. Há nexo entre o que ocorreu e o que pode ocorrer. Se há incerteza quanto à fatalidade do acontecimento, em decorrência do fato que o antecedeu, nem por isso pode ser negligenciada a probabilidade de um fato ter a ver com fato anterior. A História se faz no cotidiano, a historiografia só a posteriori. O que não ocorreu só pode inspirar ficcionistas ou futurologistas. O que ocorreu interessa ao historiado, que, mais perspicaz seja, mais tem a atenção chamada para o possível nexo a unir ou ligar os acontecimentos.
Isto posto, não há como negligenciar artigo publicado por Paulo José Jarava, a respeito da recente visita do Secretário de Estado norte-americano ao Estado de Roraima. O especialista em estratégia e armamentos militares adverte para os riscos a que o Brasil está sujeito, diante de instalações militares da Venezuela, a 11 km de Roraima. Armado com equipamentos russos, Maduro estaria disposto a defender o território venezuelano de ataques estrangeiros, estimulados e promovidos pelo governo dos Estados Unidos da América do Norte. Colômbia, Curaçau e Brasil são mencionados no texto como potenciais atacantes, sem que se possa dizer se o especialista apenas conjectura, insinua ou tem conhecimento de alguma articulação envolvendo o governo brasileiro. Talvez o articulista pretendeu apenas mostrar o erro em que incorreríamos, caso atacássemos o país vizinho. Pelo sim, pelo não, sempre será bom acompanhar os fatos, dados os antecedentes e as perigosas ligações entre os dois governos, o norte-americano e o brasileiro. Jamais nossa diplomacia foi tão desastrada, jamais nossos patriotas se mostraram tão inclinados a um papel secundário no concerto das nações.