O massacre numérico (4 X 0) imposto pelo Manchester City ao Fluminense, na última sexta-feira, não deve esgotar-se na alegria pela conquista do time dirigido por Guardiola, nem na frustração dos torcedores, jogadores e dirigentes do tricolor do Rio de Janeiro. O resultado e o processo que levou àquela partida podem ser atribuídos a várias causas e circunstâncias. Nenhuma delas distante do fenômeno a que se chama Vida. Vida humana, sobretudo. Entendêssemos o futebol da forma como o entendíamos, estaríamos todos festejando o resultado, fosse qual fosse nossa preferência clubística. Veríamos os quatro gols marcados pela equipe anglo-árabe como resultado possível, quando dois interessados entregam-se apenas à disputa. Um sempre será o vencedor; outro, o vencido. Porque é assim que temos aprendido, sobretudo desde a segunda metade do século passado. Quando tudo, mesmo a honra e a dignidade podem ser vendidas. Precificadas, diria um especialista. Felizmente, essa especialidade ainda não conseguiu arrebatar todos os corações, mentes e almas. Daí a possibilidade de se ter na goleada da empresa futebolística de capital árabe excelente oportunidade de avaliar, pós-fato infelizmente, como seria, se não se tivesse perdido de todo o aspecto lúdico do futebol. Talvez a maior vitória seria atribuída a Diniz e seus atletas, que não renunciaram ao jeito alegre e habilidoso de jogar, mesmo quando o escore se inaugurou (com inédita precocidade). Mais que teimosia, a conduta dos jogadores do Fluminense e do seu técnico revelou quanto podemos ser resistentes diante das ameaças às quais somos submetidos. Diniz acredita no futebol-arte, razão geradora da admiração do Brasil em todo o Mundo. E por todo mundo. O esporte ludopédico, se quisermos exagerar e admitir licença talvez nada poética. Observe-se que mesmo o Manchester City não abandonou sua forma livre, solta e eficiente de jogar. Tratou-se, portanto, de um espetáculo em que até a diferença entre as folhas de pagamento de um e outro dos clubes em disputa esmaeceu. Não houve um só momento em que os jogadores tricolores das Laranjeiras perderam a dignidade e apelaram para as botinadas tão conhecidas dos frequentadores de estádios. Do meu ponto de vista, ter chegado à segunda posição no ranque mundial bastaria, se eu apostasse todas as minhas fichas na competição, essa inimiga irreconciliável da solidariedade e da fraternidade. Para isso deveriam ser praticados todos os esportes, se ainda valesse a sentença de Juvenal - mens sana in corpore sano. Nem preciso dizer quão insanas são as mentes que governam o mundo; muito menos quanta insanidade afeta os corpos humanos, por causa disso. Basta-me agora dizer que a convicção e a determinação de Fernando Diniz e seus atletas são mais uma prova contundente de sua vitória. São os segundos do Mundo, mas isso é pequeno, diante do propósito de jogar futebol como o admiram os que veem mais que um terreno coberto de grama, vinte e dois jogadores empenhados em levar o objeto esférico às redes do time adversário e plateia ensandecida e atiçada pela cobertura maliciosa produzida pelos órgãos de comunicação. Essa a grande lição que nós, os torcedores do Fluminense deveremos aprender. Além de mantermo-nos firmes em sua defesa.
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