Vida longa e boa memória oferecem a muitos a oportunidade de conhecer melhor o Mundo e a gente que o povoa. Pode até ser que alguns não se apercebam disso, daí resultando a dificuldade de interpretar a realidade que se põe diante dos olhos de todos. Nos dias que correm vejo reproduzirem-se fatos de que fui ouvinte atento, no relato e nos juízos sobre eles feitos por terceiros. As notícias sobre a renúncia do posto de líder do (des) governo, senador Fernando Bezerra Coelho revolveu minha memória e trouxe à tona conversa mantida com o então vice-governador do Amazonas, Deoclides Carvalho Leal. Num fim de tarde, como de costume, o gabinete de Umberto Calderaro Filho era visitado por todo tipo de político, intelectual e empresário. Subida a escada do prédio na Rua Lobo d’Almada, todos iam diretamente para onde estava o generoso jornalista. Conversador como era, o dono de A Crítica sempre que chegava um visitante que a seu critério tinha o que dizer, mandava me chamar na redação. Eu era o editorialista do jornal. Numa das visitas crepusculares, Carvalho Leal ouviu do Caldera sobre o meu estranhamento pela conduta de alguns políticos em relação a seus supostos amigos e auxiliares. O visitante, sem alterar a voz quase sussurrada, me disse, sem rodeio: meu filho, políticos não gostam nem desgostam das pessoas; eles apenas se servem delas e delas se descartam, tão logo se sintam bem servidos. Nunca mais me esqueci disso, sobretudo por testemunhar e perceber cotidiana essa consideração que a maioria dos políticos dispensa aos seus proclamados amigos e colaboradores. Estes, se costumam dar valor à dignidade, impedem que o achincalhe os vitime.
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