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Leões e camaleões

Há lideranças dos mais diversos segmentos sociais cujo comportamento pode ser comparado a algumas espécies do reino animal. Mesmo àquela dita superior. Embora seus ternos bem talhados não se prestem ao papel de desejável esconderijo. Pobres coitados, cuja pobreza consiste na acumulação de bens materiais - e nada mais -, como se sabe ter dito o antigo ator Pedro de Lara a Elke Maravilha, a respeito de Sílvio Santos. De tanto rastejarem diante dos que detêm o poder, acostumaram-se à posição servil que os fez guindar a posições que, sem o uso da virtude mimética, seria impossível ao menos aspirar. Amoldam-se e se ajustam a qualquer situação, desde que haja miseráveis morais e intelectuais sequiosos por reverência, adesão e cumplicidade. Assim se tem feito todo tipo de conluio, de que é quase certa a agressão aos direitos humanos, sob suas mais variadas, torpes e perversas modalidades. Gente dessa estirpe é que alimenta a loucura dos que não sonham e sempre estará a postos para aproveitar a primeira e toda oportunidade em que o ganho material é previsível. Muitas vezes, mais que isso: é certo! Quando é chegada a hora de mostrar-se com a coragem e a bravura do leão, de tanto andar por rastros, o máximo a que chegam é a ajoelhar-se diante dos que os humilham. A alternativa às vezes ocorre com o acocoramento diante do miserável político e moral que tem poder. Leões e camaleões não são dotados da vontade que torna o homem o único animal capaz de juntar esse atributo aos instintos, de que todos os demais seres desse reino da natureza são beneficiários. É isso o que os torna invertebrados. Ou, máxima vênia, dispensa os ossos e a estrutura que a coluna vertebral empresta ao descendente do pithecantropus erectus, colocada em seu lugar cartilagem frouxa e movediça. Vem daí a facilidade com que se curvam e só não voltam a pôr as quatro patas originais na posição também original, porque seus ternos bem talhados já não o permitem. O que pensavam ontem já não vale mais para o hoje, não porque sábia flexibilidade os faz mudar de ideias, mas simplesmente porque não as têm. No cotidiano esses seres são encontrados, postos sobre as duas antigas patas traseiras, mas corações e cérebros (!) tão avelhantados como o foram os mais antigos símios de que se tem notícia. Com a desvantagem de não dispor da juba que dá mais dignidade à cabeça do felino africano, nem a beleza e graça que o verde de verdade confere à anatomia dos camaleões.

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1 comentário


swolffgeo
26 de jul. de 2023

Creio que há mais seres rastejantes, ápodes e peçonhentos.

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