Leio nos jornais as despesas que o governo do Estado do Amazonas fará para, por sua alegação, oferecer maior segurança à população. Pelo que entendi, haverá investimento pesado em armas e meios de locomoção dos agentes do setor da segurança pública. Concursos públicos proverão as repartições da mão-de-obra tida por necessária. Busquei e não encontrei qualquer nota, mínima que fosse, informando da destinação de recursos tão polpudos para matar a fome e dar habitação aos que vivem ao léu – e nele morrem. Também não encontrei um só indício de que a enchente de 2022, por mais previsível que seja, será combatida com medidas que assegurem, além da sobrevida das populações ribeirinhas, as atividades produtivas que elas executam. Quanto à saúde, de que sei é do desmonte de hospital que prestou serviços no combate à covid-19. O mesmo que, desativado precocemente (será a detratação precoce?), teve que ser novamente instalado. Não li, onde quer que seja, as razões da desativação do hospital, ontem e hoje. Acredito não passar pela cabeça de nenhum dos responsáveis pelo setor, do governador também, que a pandemia ainda não passou. A própria instabilidade revelada nos números divulgados mostram isso, sem que sequer seja preciso tomar conhecimento de que uma variante (a Delta) ronda todos os arraiais onde haja pessoas sadias, ou não. Por mais forte, o negacionismo não pode negar o que à vista de todos está, aqui como no Brasil. Ainda quinta-feira soube-se que caiu o consumo de carne na capital que tem o 6º valor nacional de riqueza produzida. Um fato capaz de despertar comemorações, de que os media nos informam, não fosse a contribuição de nossos mortos ao inaceitável número de vítimas fatais registrado no País. Talvez por isso e tudo que a isso leva, a capital amazonense tornou-se o epicentro da pandemia, em nível mundial. Os investimentos do governo do Estado, assim, revelam qual o tratamento que, sem ser precoce nem original, será dispensado aos que passam fome e vivem na periferia: a repressão. Um ajuste perfeito ao modelo e aos valores cultuados. Transformamo-nos, como disse um dos conferencistas da 73ª Reunião Anual da SBPC, o laboratório da barbárie.
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