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Kamala versus Trump

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Desconheço algum outro momento em que eleições norte-americanas ocuparam tanto tempo de jornalistas brasileiros. A maioria deles não consegue esconder certo entusiasmo pela substituição de Joe Biden por Kamala Harris. A impressão que fica é de alívio, tanta a antipatia dos comentaristas pelo ex-Presidente Donald Trump, uma espécie de Nicolás Maduro ou Ortega, metido em trajes elegantes. A elegância reduz-se aos panos que cobrem seu corpo. No mais, um empresário suspeito de práticas ilícitas, inclusive lesivas aos cofres do País que um dia governou. Não é, porém, essa a razão principal da rejeição de Trump por grande parte dos profissionais da comunicação. Nele parecem estar concentrados todos os desvios de caráter e traços do que poderíamos chamar desumanidades. Belicoso, supremacista, racista, xenófobo, arrogante - indesejável por variadas e múltiplas razões, para sermos sintéticos. O enfrentamento anterior (Trump x Biden) logo pareceu assegurar o retorno do chefe golpista de 6 de janeiro de 2022 à Casa Branca. Ninguém arriscaria dizer equilibrada a disputa, caso o atual Presidente norte-americano se mantivesse candidato. Sobretudo, depois do debate entre os dois oponentes. A despeito das diferenças, não podem ser desprezados certos aspectos que os aproximam. A começar pelo fato de que são, ambos, fruto do american way of life. Neste caso, a cultura em cujo caldo prosperaram responde por sua formação e pela orientação dada às decisões que lhes cabe tomar. Alguns têm destacado a origem da família de Kamala, a primeira geração de imigrantes da Jamaica e da Índia. Da Alemanha veio o avô de Donald Trump. Já aí, uma diferença notável. Se há, não se conhecem jamaicanos e indianos de pele branca, olhos azuis e cabelos louros. Politicamente, isso deveria pesar pouco, mas não é bem assim. Até porque, democratas e republicanos são produtos de mesma origem e semelhantes ingredientes. A diferença está apenas no rótulo. Por isso, preferir a mulher negra, na juventude de seus não-chegados 60 anos, não pode levar-nos à expectativa de ver superadas nos próximos quatro anos (se Kamala for eleita) mudança substancial na política norte-americana e no tratamento que o governo dela dispensará aos demais países, mundo afora.

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