Passou da centena o número de mortos pelas chuvas na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. Atribuir tal resultado à simples ação das águas parece-me tão incorreto quanto tomar o vírus como causa exclusiva das quase 650 mil mortes pela covid-19. Em décadas passadas, muito se falava da indústria da seca. A expressão qualificava os interesses e condutas que se beneficiavam da seca periodicamente registrada no Nordeste brasileiro. Sem que tal fenômeno deixe de ocorrer, outros passaram a concorrer com ele, em outras regiões do País. Nenhum deles atribuível senão aos interesses e apetites em jogo. Um ou dois componentes parecem comuns, seja no sertão nordestino, seja nos Estados do Sul e do Sudeste, seja ainda no Norte. Refiro-me à ocupação e uso do espaço geográfico e ao uso e abuso de práticas danosas ao equilíbrio ambiental. Nesse aspecto particular, avultam a ação e a omissão do poder público, tocado habitualmente por interesses em nada coincidentes com os da maioria da população. O fato de serem naturais os fenômenos de que aqui se trata amplia a probabilidade de encontrar respostas preventivas, ainda mais se reconhecidos os avanços tecnológicos das últimas décadas. E os que seriam registrados, se a Ciência e a Tecnologia não fossem também vítimas das hostilidades que se perpetram contra elas. Basta lembrar dois momentos, para deixar claras as responsabilidades que giram em torno das tragédias de que os fatos dessa Petrópolis agredida pelas chuvas e pelos homens, em 2022, dão trágico exemplo. Um dos exemplos vem do próprio Rio de Janeiro, quando governado por Negrão de Lima. Então, efetivo serviço de contenção de pesados blocos de pedra evitou a enxurrada e o desabamento que continuam a produzir mortos, não só na outrora Cidade Maravilhosa. Da Amazônia vem o segundo exemplo – a elaboração, pela CODEAMA, de um plano emergencial de prevenção e assistência às populações vitimadas pelas enchentes, certas e anuais. Era o a no de 1971. O plano permanente nunca saiu do papel. Se fizermos como Agatha Christie recomendava, talvez possamos encontrar boa resposta. Não será preciso mais que decidir e agir a distância dos interesses particulares envolvidos. E dos apetites criminosos, seus irmãos xifópagos.
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