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Inteligência e inteligentes

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Os atos de terrorismo cometidos contra o Estado de Direito, dia 8 de janeiro, em Brasília, provocaram enorme esforço de interpretação dos analistas e estudiosos dos fenômenos sociais. O termo inteligência vem sendo usado em acepção de alguma forma e em grande medida diferente da que o Novo Dicionário Aurélio oferece em primeiro lugar, p.774: Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade. É outra a acepção em que o termo vem sendo usado, quando menciona a profusão de informações recebidas de fontes diversas, sua análise e interpretação. Para daí chegar às providências capazes de evitar (sobretudo evitar) a ocorrência de fatos indesejáveis, ou reduzir suas más consequências. Neste caso, é do significado posto em 5° lugar que os analistas e comentaristas estão fazendo uso. Está assim, no mesmo dicionário, e na mesma página: Relações ou entendimentos secretos; conluio, maquinação, trama. Pelo que se tem visto, lido e ouvido, não faltaram advertências, avisos e ponderações a respeito dos fatos criminosos. Nem está muito difícil estabelecer as responsabilidades, diante do farto material gravado em imagem e som, produzido pelos próprios delinquentes. Isso pode até levar alguns advogados a alegar a nulidade desse farto material, eis que ninguém é obrigado a produzir provas contra si próprio. Não é esse, porém, o tema ora proposto. Diante da previsibilidade daquelas ocorrências que destruíram parte do patrimônio público e constituíram um dos atos mais indignos já praticados no Brasil, pode-se afirmar que o conceito elencado no Dicionário e frequentemente mencionado pelas autoridades não basta. Se bastasse, todos os responsáveis pelos órgãos de coleta, organização, análise e interpretação das informações teriam evitado a ação dos terroristas. Se isso lhes interessasse, sempre será bom dizer. O que se viu, porém, evidencia o fracasso da tal inteligência. Ou, no máximo, exige considerar conluiados os que, sabendo o que poderia ocorrer, solidarizaram-se com os criminosos. Se há inteligência, é necessário ter pessoas inteligentes para operar com ela. Sem isso, chamá-los de burros é a única alternativa, se não se quiser dizê-los igualmente sujeitos ocultos dos atos de terror.

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