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Inescrupulosos

A proibição de militares da ativa participarem de atividades políticas não será novidade. A rigor, durante o primeiro governo pós-golpe de 1964, Castelo Branco conseguiu manter seus camaradas fora dos pleitos eleitorais. Graças a isso, o então chefe da 2a. Seção da 8a. Região Militar não chegou ao generalato. Jarbas Gonçalves Passarinho era o nome do que se tornou o maior beneficiário da ditadura, na Amazônia. Governador do Estado do Pará, senador e três vezes Ministro (inclusive - vejam só! da Justiça), o oficial acreano se notabilizou não por algo edificante. O voto por ele proferido, na trágica reunião ministerial de 13 de dezembro de 1968 constitui-se em episódio dos mais deprimentes que a história humana registra. Não é registro encontrado em artigos e discursos de seus adversários, mas expressão saída da própria boca do militar. Vão-se às favas os escrúpulos, voto sim pela decretação do ato institucional no. 5. Autoclassificado inescrupuloso, o ingresso de Jarbas Passarinho na política acrescentou ao benefício da população que não o viu general, o de ver desmascarado por si mesmo, aquele que se pretendia melhor que os camaradas que golpearam a democracia. Os que ainda restamos e os descendentes dos mortos nas masmorras ou em falso combate sabemos para que serviu aquele ato, que o advogado Alarico Barata com precisão cirúrgica rebatizou - ato prostitucional. Tão carente de escrúpulos quanto os que deram seu aval à inauguração do período em que a tortura e o assassinato dos divergentes eram política de Estado. Há quem peça novo descarte dos escrúpulos. Até que se vejam enredados nas tramas e tramóias que, inexigentes de escrúpulos, levam a morte, o sofrimento e a dor onde quer que haja carência de humanidade.

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