Incoerência - mais uma
- Professor Seráfico
- 23 de jun.
- 2 min de leitura
Os mesmos que reclamavam a soberania do Banco Central condenam a mais recente elevação da taxa SELIC. Embora esse seja fenômeno recorrente nos últimos anos, os que se aproveitam dele e fazem maior a fortuna acumulada tentam jogar no colo do governo a responsabilidade pelos supostos danos ou as restrições eventualmente causados aos seus sempre prósperos negócios. Fingem esquecer que a soberania do Banco Central assegura ao COPOM o direito e o poder de substituir a Presidência da República e o Ministério da Economia, na condução da política econômica do País. Ao mesmo tempo em que o capital se faz representar por bancadas supra partidárias nas duas casas do Congresso, os maiores interessados (investidores talvez fosse mais justo dizer) estão indiferentes à fome voraz com que seus lacaios avançam sobre o Erário, o orçamento da República e tudo quanto lhes possa aumentar a riqueza. Nesse contexto, e supondo-se acima dos interesses da maioria dos brasileiros e da própria nação, escolhem o governo como objeto de suas críticas e condenação. Como se não tivessem em algum momento da campanha eleitoral ouvido e conhecido as propostas do então candidato Lula, resumidas no lema união e reconstrução. Também esses mesmos agentes da desigualdade passam ao largo dos constrangimentos impostos à Presidência da República, cujo titular foi tornado refém de um Congresso absolutamente avesso ao cumprimento dos deveres e limites determinados pela Constituição. Esperar, portanto, a cessação do processo que transforma a res pública em gestão descentralizada dos negócios privados equivaleria à recusa em financiar a renovação de mandatos eletivos, em todas as instâncias e níveis. Talvez, quando a aplicação de um só centavo da fortuna das empresas e dos ricaços transportado em mala, caixa de vinho, sacola, envelope ou qualquer outro recipiente, constituir crime eleitoral, cheguemos a bom resultado. Os eleitos, então, poderão entender quais as responsabilidades do exercício do mandato. É nos eleitores, portanto, que se há de confiar.
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