A liberdade, como a defendiam os iluministas e como a consagraram os revolucionários de 1789, não pode ser achincalhada da maneira como o faz a horda de bárbaros em plena atividade. Menos tolerável, ainda, quando o achincalhe parte de membro da comunidade acadêmica. O que dizer, portanto, quando esse valor tão reclamado quanto prostituído sofre a agressão em ambiente acadêmico? Sob o silêncio cúmplice de supostas lideranças, transitoriamente responsáveis pelos destinos de uma Universidade. Pois foi em recente reunião do Conselho mais alto da Universidade do Amazonas que o atentado verbal se registrou. Seu autor, conselheiro como todos os demais assentados naquele colegiado, não mereceria mais que a indiferença de seus colegas, se não lhe fossem reconhecidas as qualidades formais que o terão levado à posição oficial ostentada. Isso é uma coisa referente ao conhecimento do integrante do coletivo universitário. A essa condição se vincula a representatividade de que é o conselheiro investido. O que significa, como justificativa para sua presença ali, a representação de algum segmento ou grupo social interno à comunidade acadêmica. Nada surpreenderia, nem a ninguém, se o agressor da democracia pertencesse a algum dos órgãos de segurança que têm agido contra os interesses e a paz da população. Excluída obviamente, aquela parte que conta com a proteção desses órgãos, todos mantidos com recursos públicos. Outra hipótese seria a defesa da ditadura por milicianos, em grande medida um dos braços mais hediondos do autoritarismo oficial. Não é este o caso. Um professor da UFAM, lotado no campus de Humaitá, teceu loas à ditadura que matou brasileiros, deu destino até hoje incerto a muitos dos torturados e mortos, além de deixar como legado a cultura da violência, foi o autor da triste e vergonhosa façanha. Bem fez a Associação dos Docentes, ADUA, em manifestar-se publicamente sobre mais esse atentado, não menos grave que a invasão e depredação das sedes dos três poderes da República. Até o momento em que escrevo, a reitoria da UFAM guarda silêncio incompreensível e inoportuno. Dá a impressão, portanto, de acumpliciar-se com o gesto delinquente do infeliz orador. Oxalá seja apenas impressão! Manifestação clara e cabal de compromisso com a democracia e o interesse público ainda tem, se logo vier, a oportunidade de desfazer a impressão que macula a trajetória da Universidade, aqui e alhures.
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