Tem caído no seio da opinião pública brasileira a imagem das Forças Armadas. Não sem fundadas razões. Não me refiro à justiça ou injustiça da opinião, nem à sua conveniência ou oportunidade. Isso quase não vem ao caso, sobretudo diante do importante papel que lhes é reservado pela república, no Estado Democrático de Direito. Em grande medida, o desprestígio que só cresce vem da postergação dos mandamentos constitucionais, em favor do engajamento em atividades que lhes fogem da alçada. Poder armado, por isso mesmo as forças de terra, mar e ar mantidas graças aos impostos pagos pelos cidadãos, não podem transformar suas missões institucionais em compromisso com este ou aquele governo, seja lá qual for. Tentar conceitua-las como um quarto poder, mais que revelação de profunda ignorância e arraigado desprezo pela cidadania, expõe ambições inaceitáveis. Sobretudo, porque fere o próprio Estado Democrático de Direito, a não ser que desconsideremos peculiaridades que só aos absolutamente leigos aparenta. Refiro-me, em especial, ao caráter duradouro de que se revestem as organizações militares, se elas são voltadas realmente à defesa do que muitos chamam soberania nacional. Já nem retorno à contradição entre uma suposta defesa que não consegue neutralizar sequer a maior ameaça a que estão sujeitas as nações mais fracas, quando os capitais trafegam livres e soltos permanentemente dentro de seus territórios. Ademais, o fato de lhes estar entregue o arsenal bélico, forte ou fraco ele seja, tal custódia não autoriza o uso fora dos limites estritos da Lei Maior. No entanto, a reiterada manifestação de lideranças castrenses, no serviço ativo ou fora dele, impede a formação de juízo favorável às instituições militares. Muitas vezes, vista certa cumplicidade de alguns de seus mais destacados membros com as agressões e ataques de autoridades públicas ou lideranças políticas e empresariais, além daquelas que, já do conhecimento de toda a sociedade, são delinquentes facilmente identificáveis. Pelo que fizeram no passado e pelo que continuam a fazer. Aos brasileiros até recentemente orgulhosos das Forças Armadas vão faltando argumentos capazes de ajudar a restauração da imagem positiva de que um dia desfrutaram, tanto e tamanho o engajamento de numerosos de seus integrantes em atos e fatos postos à luz do sol. O que é dito e alegadamente ensinado na caserna deve vir a público, nas palavras e condutas, como ratificação e fidelidade ao que se alega ter sido aprendido nas organizações armadas. Com nosso dinheiro e nosso apoio.
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