A visita do Presidente da República ao seu colega russo Wladimir Putin desencadeou interpretações nem sempre fundadas em fatos ou indícios. Uns veem o encontro entre os dois chefes de Estado como a aproximação entre duas personalidades autoritárias, um com sólida formação na KGB, outro incensador entusiasta da tortura. Além disso, a esperada presença de Orban, o soba húngaro, na capital russa proporcionaria bate-papo produtivo para a extrema direita mundial. Não tardaria a surgir a Internacional da Direita, com que alguns ainda sonham e pensam estar próximos de concretizar. Não descarto qualquer das hipóteses alimentadas por essa maneira de ver o mundo e suas coisas e relações. Nem atribuo intenções louváveis à visita do ex-capitão ao seu colega. Por isso, considero necessário acrescentar ao problema outras variáveis, sem o que ele sempre correrá o risco de prosperar e agravar ainda mais os rumos para onde pretende o atual (des)governo levar o País. Já nem pergunto, como Garrincha, se tudo está combinado com os russos. Pelo que sei, Putin continua desfrutando do apoio de seu povo, mas isso também não é novidade para quem mora no Brasil destes dias. A resposta às demandas - se as houver - do Presidente brasileiro não me parecem ligadas, ou estariam ligadas a questões de segunda ordem, sem grande urgência. Urgente para o candidato à reeleição de outubro é recolher ideias, sugestões, apoios e meios - por que não? - de manter-se no posto por mais quatro anos. Aí, Putin pode falar do alto de sua própria experiência. Nem mesmo os mais íntimos e fanáticos do Presidente ignoram qual será o destino de seu objeto de abjeta admiração. Menos por que tramita na Corte Internacional de Justiça denúncia da variedade de crimes por ele praticados. Outros delitos há, e a Polícia Federal os têm apurado e revelado. O mandato presidencial, portanto, corresponderá a um habeas corpus, mesmo que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso ainda tenham espaço para tornar inviável sua obtenção. Neste caso, praticamente inviabilizada a repetição no uso das redes (anti)sociais e a fragilidade da mensagem do candidato à reeleição com o cerceamento da oportunidade de disseminar mentiras e ataques criminosos, socorrer-se do colega é o que parece oportuno. Ainda hoje por ser devidamente esclarecida, a participação da Rússia na eleição de Biden teria sido favorecida pela rede controlada pelas autoridades russas. Sucessivamente punido pelas redes cuja sede está no Brasil, o gabinete do ódio estaria buscando o apoio da rede oficial da Rússia. Uma viagem para proveitoso tête-à-tête, portanto, cairia bem.
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