Tanto quanto a esperteza demasiada engole o próprio dono, a desatenção exacerbada pode engolir o desatento. O Presidente da República, cuja inteligência ainda está por ser provada, não é destituído de esperteza. Não fosse assim, não se teria aproveitado da comunhão de interesses e valores com outros de seus camaradas, até chegar ao posto que agora ocupa – e desonra. Não é de honra que tratamos aqui. Nem ela pode ser levada a ferro e fogo, tão escassa se vem revelando em nosso cotidiano. Idas-e-vindas, avanços e recuos fazem parte da trajetória de qualquer indivíduo, quanto mais complexa se torna a sociedade -humana para alguns, nem tanto para quantos outros. Vários reveses já encontrou o Presidente, quando pensava engabelar todos os seus contemporâneos. Numa dessas vezes, teve que interromper sua caminhada autoritária, com o fiasco do sete de setembro à sua moda. Justo reconhecer nele certa persistência, levada às raias da obsessão. Assim, supre a falta de outras qualidades com a reiteração de esperteza que todos reconhecem. Não fora assim, escaparia aos brasileiros a oportunidade de saber-lhe dos hábitos, que nem a caserna foi capaz de tolerar por muito tempo. Ou, talvez, os que lá ficaram mostraram-se mais espertos que ele. Afastaram-nos oficialmente do convívio, mantendo porém a aliança e a partilha de valores e propósitos. O que se vê, hoje, testemunha essa comunhão, gerando novas oportunidades à demonstração da esperteza já reconhecida. Se sete de setembro de 2021 acabou em peça bufa, isso tem pouco significado para o Presidente. Tanto, que agora ele provoca e agride o Supremo Tribunal Federal, em mais um dos atos antidemocráticos a que vai acostumando a nação. Há os que o acusam de inconsequência e conduta exagerada. Esses são os desatentos, de certa forma colaboradores da caminhada que penso estar o Brasil às portas de concluir. O perdão concedido ao delinquente portador de mandato eletivo federal é, portanto, forma de provocar a reação que todos os cidadãos de bem esperam. De quem igualmente exerce mandato popular, acompanha os fatos históricos de uma História que outros tentam apagar, e dos que têm o dever de zelar pelo Estado Democrático de Direito, instalados no Poder Judiciário. Nenhum desses setores, porém, tem o controle das armas, como delas dispõem outras forças, em qualquer hipótese milícias assemelhadas à guarda pretoriana. A mais recente delas, os Tonton Macoute haitianos. Esticada a corda, logo o Presidente achará jeito de enfrentar suas dificuldades dizendo-as pretenso estado de convulsão social, convocando as Forças Armadas pagas com o dinheiro de todos, tudo dentro dos limites constitucionais. Afinal, o artigo 142 da dita Constituição-cidadã prevê o caso. Se eu estiver errado, que me mostrem outra interpretação.
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