Das promessas mais importantes para a segurança da população, a restrição do porte e uso de armas de fogo é recebida com alívio. Poucos o têm dito, mas a iniciativa do governo federal deixa mais claras as razões por que seu antecessor se empenhou tanto em armar o maior número possível de atiradores. Estava em curso no País um projeto abominável, a que quase toda ditadura dá atenção prioritária. Ia em marcha a constituição de milícia semelhante àquela que se tem chamado guarda pretoriana, de que se valem os chefes de governos autoritários. Basta relacionar entre si todos os atos preparatórios do golpe afinal frustrado em 08 de janeiro, para admitir que o Planalto foi viveiro onde se gestava um grupo em muito parecido com o que François Duvalier, o Papa Doc, criou no Haiti. A participação de muitos dos beneficiários da política armamentista posta em prática sob o governo do ex-capitão excluído das forças armadas na mobilização golpista não permite ilusões. Se o golpe se frustrou, revelam-se já as más consequências do armamento da população, de que resultou o alcance de índices de violência jamais experimentados. É impossível desvincular a facilitação do comércio, porte e uso de armas de fogo do crescimento do número de atos violentos, praticados tanto pelos grupos criminosos supridos pelo desvio das armas, quanto ações fúteis e isoladas, em que a presença de uma arma de fogo apenas leva a resultado mortal. A simulação de clubes de tiro e colecionadores foi posta a descoberto. Destes expedientes se têm valido muitos brasileiros, ávidos por dar vazão a sentimentos absolutamente incompatíveis com os valores morais falsamente proclamados por eles mesmos e seus seguidores. No bojo desse processo de reversão à vida selvagem, sequer esses indivíduos violentos se têm dado conta dos males que fazem - primeiro, à população em geral; depois, mesmo àquela fração que, professando fé cristã, se vê enganada e envolvida em atos que contrariam os valores religiosos a que se dizem filiar. Uma espécie de pacto entre deus e diabo, numa terra em que o sol parece gerar diabólico transe. Onde falta a alma, mais armas haverá.
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