Chegar aos oitenta e manter a memória em plena atividade terá sido das melhores experiências por que passo na Vida. Sou de tempo em que a vergonha insuportável não era transferida para terceiros. Fazendeiro frustrado em seus negócios, talvez até pela dignidade que presidia seus atos, acabava por suicidar-se. Presidente perseguido pelos inimigos, mais que pela consciência suja preferiam partir desta para outra vida, que lhes parecia melhor. A manutenção da dignidade desconsiderava outro caminho. Com Getúlio Vargas foi assim. Hoje,, ah, hoje! as coisas são diferentes. Se o tiro no peito desferido pelo caudilho gaúcho em pleno aposento do Palácio do Catete, levou-o à História precocemente, também estancou a fúria que só, 10 anos depois desabaria sobre a nação. Têm dito muitos observadores, analistas e comentaristas políticos que o Presidente da República deu um tiro no próprio coração, não no pé, ao convidar embaixadores estrangeiros para assistir ao seu primeiro comício eleitoral. Óbvio que os jornalistas e cientistas políticos usaram linguagem figurada. Nem por isso conseguiram estancar a marcha batida da insensatez, se não a quisermos dar por manifestação de mente insana e sentimentos absolutamente inexistentes. Nada que não se pudesse esperar de quem confessa o desejo de matar pelo menos 30.000 de seus compatrícios. Pior, que atribui às forças que o excluíram a oportunidade de aprender apenas uma coisa: matar! Não foi algum adversário furioso, nem qualquer ressabiado por decisão desagradável quem o disse, mas o próprio chefe do Poder Executivo. Quando se verificam os números da preferência dos brasileiros mais jovens, talvez seja a hora de saudar novamente o lema Paz e Amor, por longo tempo esquecido e espezinhado. Pedir a dignidade de Getúlio é demasiado, nestes tempos de cristianismo sem Cristo.
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