Genocídio Yanomami
- Professor Seráfico
- 17 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Orlando SAMPAIO SILVA
O genocídio dos Yanomami começou em 1500, quando uma nau portuguesa aportou na costa da Bahia. Primeiro, os colonizadores escravizaram os indígenas que viviam na costa atlântica em suas diferentes etnias. Havia, nesta parte deste Continente (que veio a chamar-se Brasil) cerca de 6 milhões de indígenas vivendo em suas aldeias espalhadas por todos o território, a maioria nas terras cortadas pelo rio mais caudaloso do Mundo. Os bandeirantes caçaram índios para a escravidão. Vieram os escravos africanos, enquanto os indígenas procuravam refugiar-se no interior. Com a república, passou a prevalecer a ideia da integração dos indígenas à sociedade nacional. Eles, que aqui já viviam desde milênios, deixariam de ser etnias autônomas com suas próprias culturas e organizações econômicas e sociais, e passariam a ser trabalhadores explorados em meio à sociedade nacional, como os demais trabalhadores brasileiros. O SPI depois FUNAI presidiria esse processo integrativo, que começou com a proibição dos indígenas falarem as suas próprias línguas. Em 1975, estive fazendo pesquisa antropológica em uma aldeia Yanomami. Os índios desta aldeia eram protegidos por uma Missão Católica. O país estava em plena ditadura militar. Nesta época, os garimpeiros já estavam chegando às terras Yanomami. Tudo começou então. Os militares no Poder eram integracionistas. Com a integração, os grupos indígenas deixariam de existir. Nesta fase histórica, a população indígena já tinha menos de 1.000.000 integrantes. O genocídio dos indígenas, ao longo da história do Brasil, estava em franco andamento. Com o fim da ditadura militar, a FUNAI teve ora administrações comprometidas com a proteção das populações indígenas, ora as que concretizavam o projeto integracionista, mesmo a Constituição prescrevendo seus direitos (dos índios) às terras em que viviam e a se organizarem e viverem de conformidade com suas tradições socio-culturais. O período de governo de direita deve ser computado desde quando o vice Temer assumiu a Presidência. Portanto, são dois anos deste governo somados aos quatro de Bolsonaro. Governos de direita e contrários aos direitos indígenas. O genocídio específico do povo Yanomami se processou neste período, quando o número de garimpeiros, nas Terras Yanomami, aumentou 40 por cento. Com o garimpo ilegal, os rios e igarapés, dos quais dependia a vida desta população de 30.000 seres humanos, foram destruídos com as escavações e com o despejo de mercúrio nas águas. Bolsonaro visitou um dos garimpos ilegais e lá incentivou os garimpeiros a continuarem a garimpagem. Os Yanomami ficaram sem os peixes, sem água para beber, tomar banho e para o lazer das crianças, As águas ou desapareceram ou estavam envenenadas. A floresta estava em processo de eliminação. Eles, também, estavam perdendo a caça e as terras para plantar seus roçados. Garimpeiros transmitem doenças aos indígenas, aproveitam-se sexualmente das mulheres e as contaminam com doenças venéreas. Grande parte da população Yanomami passou a viver em uma situação de fome. Subnutrição. Muitos adoeceram. O governo não propiciou-lhes assistência médica. O genocídio Yanomami estava em andamento. Enfim, agora, nesta nova conjuntura política, a sociedade brasileira, pessoas do governo, civis e militares, estão irmanados no processo de salvamento de um povo inteiro.
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