Já não tenho mais dúvida! Nada pode ser pior que a guerra. Mesmo aquela que se trava longe do chamado teatro de operações e a que não move permanentemente os disparadores de armas de fogo. De tão presentes no cotidiano dos povos, talvez sejam os conflitos desse tipo mais cruéis e abjetos. Palavras são ditas, repercutem e se espalham como um rastilho a que se tivesse levado a brasa. Na sequência, decisões oficiais consagram a maldade que o rastilho conduz. Para logo mais, decisões governamentais, aqui e acolá, mobilizarem os instrumentos da morte tão conhecidos. A guerra em que se empenham a Ucrânia e a Rússia não pode ser suficientemente interpretada se os olhos todos estiverem postos apenas nas ruas de Kiev ou de outras cidades próximas. Nem há a menor possibilidade de entender a extensão de sua gravidade, se permanecermos cegos pelos que têm o sangue poupado, porque também na guerra há certa especialização de funções e interesses. A uns é preciso demonstrar a própria coragem, travestida de amor a esse ser todo dia corroído na aparente e férrea solidez, a que se chama hipocritamente pátria. Para isso, deixam-se matar, enquanto tentam matar os que se põem do outro lado. A outros, cabe com palavras, decisões e operações comerciais, contribuir de várias formas para que seus interesses sejam gratificados à altura de sua ambição e usura. As guerras, aconteçam por quaisquer dos muitos e criativos pretextos, jamais se esgotarão ou esgotarão sua herança malsã quando tiver sido celebrada a última missa de sétimo dia pelos mortos no conflito. Por isso, nada é pior que ela. Invenção humana, o conflito bélico consegue exagerar o que, entre os animais que teimamos considerar menos inteligentes que o Homem, se diz a cadeia alimentar, prossegue presente por longo tempo após assinados os costumeiros e hipócritas tratados de paz. Num certo sentido, a própria conflagração que se trava na Europa do Leste não tem sua sede só lá. O que lá ocorre são as operações imorais, desumanas, mortíferas, ficando em outras áreas do Mundo a decisão que alimenta o conflito. É nos confortáveis e bem alcatifados gabinetes – do Ocidente e do Oriente – que são tomadas as rédeas do processo belicoso, condenável e abjeto, qualquer o ângulo de que se o aprecie. É quase certo que estamos próximos de ver assinado mais um tratado de paz. Basta que as calculadoras dos grandes negócios indiquem alcançadas as metas perseguidas. A não ser que a paz deixe de ser pretexto para guerras serem fomentadas, de preferência longe dos lares dos que ganham com elas.
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guerras de convencimento não se justificam