Fria ou quente, indesejável
Faz pouco tempo, os analistas, cientistas políticos, sociólogos, filósofos e outros estudiosos das ciências sociais eram prudentes na observação dos fenômenos de suas respectivas áreas de interesse. Tal prudência, que às vezes me parecia demasiada, fazia-os sempre mostrar certo anacronismo quando falávamos em uma nova Guerra Fria. Mil argumentos eram postos à mesa de debates, retida na memória a clava forte dos dogmas: a história só se repete como farsa. O mundo globalizado, como se a globalização fosse fenômeno recém-nascido, anulava qualquer semelhança que se dispusesse alguém a levantar entre o ontem e o hoje. Fora as circunstâncias, que Gassett destacou melhor que ninguém, nada havia mudado. Só que a História se vai construindo pelas circunstância, permanentemente mutáveis - e mudadas. E a Guerra Fria começa a ser mencionada, não que ela se configure da mesma forma como antes. Desfiar as novidades que a sociedade humana criou, desenvolveu e implantou, desde o final da Segunda Guerra Mundial - esta, uma guerra das mais quentes - seria exagero. Elas são tão claramente postas que qualquer novo exercício demonstrativo representaria malhar em ferro frio. Já não parece mais haver dúvida do desinteresse das grandes potências em promover a temida e esperada hecatombe atômica. Caso ocorresse, todos perderiam. Não haveria vencedores, talvez apenas as baratas. O processo de apropriação das riquezas do Planeta, então, faz-se por outras vias, dentre as quais a guerra permanente mas particularizada. A indústria armamentistas não precisa parar, nem reduzir os lucros dos produtores. Para isso atuam os governantes dos países produtores, desde que Dwight Einsenhower, ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte o identificou. E ele sabia dessas coisas. Alguns dos analistas, talvez iniciando novo período atento à estrategia dos donos do Mundo, os atuais e os pretendentes, voltam a falar em Guerra Fria. Para refrescar a memória dos que esqueceram e informar os que nasceram depois dos anos 1960, mostram similitudes entre o lançamento do Sputnik e a promessa de vacina em setembro, pela Rússia. Quem viveu, viu. Quem viver, verá..
Qualquer que seja o resultado, a guerra fria destes tristes tempos aproveitará a quem?