Fora de foco
Repetem-se as queixas de que a Zona Franca de Manaus passou ao largo da campanha eleitoral. Os críticos (?) mencionam a escassa atenção conferida ao tema, reputado como fundamental para a sobrevivência do projeto da ditadura para a região. Não tenho informações que levem a mais que suspeita a hipótese de o mesmo ter ocorrido no Pará, em relação aos megaprojetos. Lúcio Flávio Pinto, o jornalista e professor admirado, certamente dirá melhor. O que sei, porém, é do silêncio que não chamarei sepulcral apenas para não cair no lugar-comum, sobre o rebatizado Polo Industrial de Manaus - PIM. Pode ser até que a boca de siri corresponda à suspeita, se não à certeza, de que a "nossa" zona franca de nossa só tenha os favores fiscais e a terra a preço de banana concedida aos investidores(?). Os resultados não precisam beneficiar os nossos - esses sim! - irmãos, de cujo suor vem o enriquecimento dos que investem pra valer em outras regiões - ou países, como se está farto de saber. Compreenda-se, portanto, o "esquecimento" do tema, pelos postulantes dos postos municipais. Nem se precisa mencionar os riscos de ver as próximas campanhas eleitorais emagrecidas em recursos, para ter claras as razões do que sequer parece estratégia bem cuidada. Mais se discuta o fenômeno, mais claro ele pode aparecer diante dos que o endeusam e rendem todas (e tolas) homenagens. Dispensar a ZFM, hoje, equivaleria a profundo golpe na economia regional. Tanto quanto deixa-la fora de foco expressaria, no mínimo, aplaudir as consequências da desigualdade que ela gera. Cabe a pergunta, portanto: quem se preocupa com a desigualdade?