Convencido de que o Homem é capaz de fazer tudo quanto um dia passou por sua cabeça, tenho dificuldade em entender limitações arbitrária e infundadamente impostas à inteligência e à criatividade humanas. Isso faz presente em minha memória e influente em quaisquer dos meus raciocínios, a utopia de Ícaro, afinal desenhada por Leonardo da Vinci. Hoje, o helicóptero concretiza o que o cérebro do artista florentino sonhara. E faz do Brasil o líder no uso do aparelho. Em convivência com a fome, a violência e a pandemia. Minha forma de conceber a utopia (um lugar onde ainda não chegamos) combina com a convicção de que a sociedade é construída pelos que dela participam. Não é, portanto, obra do acaso ou da natureza. Ainda que numerosos os bípedes despidos da condição humana, a construção dos modos de vida coletiva corresponde à vontade do conjunto dos convivas. Não são seres míticos ou mágicos os responsáveis pela criação, organização e condução da sociedade. Fadas não saem das páginas dos livros – ainda bem. Ortega y Gasset nos ensinou ser o Homem, qualquer exemplar dele, ele mesmo e as circunstâncias. Salvo aquelas peças naturais que o cercam, também o homem responde pela existência de tudo o mais que o envolve. Interferindo, inclusive, na própria natureza. As alterações ambientais são majoritariamente atribuídas à ação humana. Não se trata, assim, de qualquer forma de determinismo, a que o homem individualmente ou coletivamente considerado esteja alheio. Não há um fado a cumprir, como se uma força superior se impusesse. A própria expressão determinismo histórico assim parece constituir uma contradição. É o Homem o construtor da História, sendo-o igualmente das circunstâncias que, acumuladas e reciprocamente relacionadas, desenham a trajetória. Nem fada, nem fado, a decisão dos homens é o móvel da sociedade. De seus propósitos, valores, interesses e ações se vai fazendo a História. Não são os membros da academia, tenham o conhecimento que tiverem, capazes de escolher os rumos da sociedade. Usem o fardão, seja a cor que tiver, aos acadêmicos é negado esse papel condutor. O principal também é o necessário – não usar apenas a camisola de dormir. Sem que se dispensem seu conhecimento e seu talento. Posso, agora, justificar tão prolixo introito. Dizer que ele resulta de reflexão referente ao que li sobre as reiteradas ameaças aos incentivos fiscais que há mais de cinco décadas socorrem a economia amazonense. Há quem identifique os sucessivos constrangimentos e as inseguranças decorrentes ao destino. É assim porque os fados o determinam. Discordo! Se concordasse, seria o primeiro a sugerir pesados investimentos em casas de oração e equipamentos comuns ao enxoval de mágicos, feiticeiros e pitonisas. Haja bolas de cristal, baralhos mágicos e petrechos similares.
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