Orlando Sampaio Silva
Os ‘retirantes’, fugitivos da seca inclemente no sertão nordestino, buscavam no Pará e em outros locais da Região Amazônica um refúgio onde pudessem trabalhar e alimentar sua família. Milhares deles foram trabalhar como seringueiros, explorados nos seringais pelos seringalistas. Mas, tinham trabalho e o que comer. Os rios (com peixes), a floresta (com caças diversas e frutas, inclusive castanha-do-Pará, açaí, cupu-açu, bacuri, bacaba, taperebá, cajá, buriti, jaca, ingá, abiu, sapotilha etc.), os quintais de suas casas (com árvores frutíferas, tais como bananas, coco, cajú, jambu, muruci etc.) e os roçados ou roças por eles plantados (mandioca, para a produção de farinha, beijú, tapioca, etc.; cará, cará roxo, macaxeira etc.) propiciavam aos habitantes-trabalhadores das florestas e aos ribeirinhos abundância de alimentos. Muitos desses ‘retirantes’ integraram os designados ‘soldados da borracha’, seringueiros que produziram borracha natural nos seringais, durante a II Guerra Mundial. Minha mãe, de Missão Velha, ainda criança, foi com seus pais e seus irmãos para o Pará, ainda na década dos anos 90, do século XIX, fugindo da seca. Meu pai, de Sobral, já participou de outra narrativa: aos 18 anos de idade, foi com um dos seus tios - fazendeiro ou sitiante ou comerciante - para o Pará, em 1899; o tio retornou ao seu Ceará, mas ele, meu pai, ficou no Pará até o fim de sua existência.”
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