Imagino como se sentiria Joaquim José da Silva Xavier, se o carrasco Capintânea o visitasse na prisão para onde lhe mandaram a Rainha e muitos de seus apoiadores, como Joaquim Silvério dos Reis. O fato, certamente, frequentaria as páginas escritas pelos mais celebrados historiadores, desde aquele fatídico 20 de abril de 1792. Sim, a visita seria feita na véspera do enforcamento do herói da Inconfidência Mineira, como gesto inspirado pelo mais profundo ódio. Teria sido preciso asseverar-se de que Tiradentes estava vivo, bem vivo. Sem isso, o espetáculo do Largo da Lampadosa perderia o brilho que o Império e seus sócios gostariam de imprimir ao acontecimento. A turba não gritaria enquanto o nó da corda impedia pouco a pouco, que os pulmões do patrono das Polícias Militares recebessem o gás da vida. Era preciso conferir a eficácia do castigo, sobretudo por suas razões. Os beneficiários da derrama, os que não negavam aplausos ao empobrecimento do Brasil precisavam dar vazão às suas taras e à perversidade que sempre os têm caracterizado, quanto maior o tamanho da fortuna acumulada. Seria insuportável encontrar Joaquim José morto na cadeia. Ainda que mais de 200 anos depois não seja a forca, mas um vírus, nem se contem às unidades, mas às centenas de milhares delas, os mortos produzidos. Desta vez, não por Capitânea. Nem havia registro sobre um tal Jan Olsson, cuja vítima de sequestro que ele mesmo praticou, apaixonou-se pelo sequestrador. A empatia desenvolvida entre Olsson e Kristin Enmark, desde 23/08/1973, acabou no que os cientistas do comportamento chamaram Síndrome de Estocolmo, local em que ocorreu o sequestro. O dia, de um mês tido por aziago e propício ao desgosto, tem algo a ver com os fatos destes dias. O desaparecimento de quase 400 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus não impediu a visita de um dos responsáveis pelo que a comunidade internacional considera genocídio à qcidade que se tornou o epicentro do novo holocausto. Até aí, porém, a façanha de Jan Olsson parecia fato estranho. Deixou de sê-lo, porém, quando a Casa Legislativa onde têm assento supostos representantes do povo reverencia e homenageia o irônico visitante. Réplicas da sueca Kristin Emark, trajadas de saias ou calças, zombaram do sofrimento de todo um povo e revelaram os maus desígnios de que são possuídos.
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