Equívoco e reflexão

Os erros cometidos por muitos que se dizem de esquerda em nada ajudam na conquista e aprofundamento da democracia. Aqui e acolá, esses erros não servem a mais que oferecer pretexto para atos golpistas como os que o STF trata de elucidar. Pretextos, por mais pueris e desprovidos de crédito, no mínimo atrapalham a caminhada dos que realmente desejam uma sociedade melhor. Esse, contudo, tem sido aspecto aparentemente fora da percepção e da compreensão dos equivocados. Vejam-se, por exemplo, a insistência em colocar em segundo lugar a luta pelo fortalecimento da democracia, em benefício de pautas identitárias. Impossível admitir sabedoria, quando a defesa intransigente da democracia é postergada, dando margem à segmentação e à desunião. Disso se valem os bárbaros, à espreita de qualquer oportunidade que lhes permita produzir fake-news e espalha-las aos quatro cantos do País. Não é só aqui que o fenômeno daninho ocorre. Ao contrário, muitas vezes ele é aqui apresentado em sequência a fatos semelhantes, importados de várias outras nações. Nesse caso, a melhor e mais acabada obra dos que Nélson Rodrigues disse serem portadores do complexo de vira-latas. Mesmo ações destrutivas do Estado Democrático de Direito não fogem a esse tipo da mais vil imitação. É o que se tem comprovado, graças ao cumprimento dos deveres constitucionais de que se incumbem o Poder Judiciário e a Polícia Federal. Imaginar que se reproduzam aqui fatos que vêm ocorrendo na Nicarágua, na Arábia Saudita e em muitos outros países, os Estados Unidos da América do Norte entre eles, equivale a um tipo de compromisso com a barbárie. Por isso, e para que os brasileiros comprometidos com a redução das desigualdades não percam as esperanças, será sempre recomendável - quem sabe exigível - serena e sábia reflexão.