Em meio às contradições com que convive a sociedade humana, algumas destacam-se pelo aparente despropósito de que se revestem. Adiante ficará fácil entender porque consideramos tal espécie de contradição absolutamente incabível, despropositada. E, ao contrário corresponderem, de fato sem serem de direito, a serviço de algum objetivo cuidadosamente planejado. O absurdo, portanto, não vai além das aparências. De Napoleão Bonaparte, o da França não o dos manicômios, soube-se ter recomendado dividir para governar. Mesmo depois do estabelecimento da república como forma de governo na grande maioria dos estados modernos, a figura da União ainda tem dificuldades de impor-se. Ao invés dela, governantes fracos e impotentes tentam seguir à risca a recomendação napoleônica. A indicação de que órgãos republicanos têm sido insistentemente mobilizados para opor-se aos interesses do cidadão diz mais que tudo o que se possa imaginar. O Ministério Público, a Advocacia Geral da União e a Controladoria Geral da União têm sido postas em ação, não para representar e defender os cidadãos e a Federação na roupagem republicana da União, mas em favor dos (ir)responsáveis pela gestão do bem público. A desatenção chega a um dos mais importantes traços da república, constituído no rol dos princípios administrativos a obedecer, e se faz simples e agressivamente ignorado. Custa crer que não venham dos demais poderes os constrangimentos autorizados pela Constituição. As mais tímidas tentativas de colocar a União como tradução palpável da Federação, sequer atrai o interesse de alguns dos governadores dos estados-membros. Daí dar a impressão de lamentável desatualização considerar o Brasil um país constituído de forma federativa, em que predomina o exercício republicano. De democracia e Estado de Direito, cada dia mais nos afastamos. Pior, vendo aprofundar-se uma crise que não poupa nem as instituições, nem os setores onde as funções destas têm assentada e justificada sua existência. A República sucumbe, curiosa e paradoxalmente, à fragilidade e à impotência do governante. O que lhe restaria de energia, o (des)governante dedica à corrosão das diversas áreas onde a atividade da administração pública deveria exercer papel decisivo. No caso brasileiro, vê-se como se combina a energia agressiva do governante, alimentada pela debilidade da energia sob diversas denominações, lá onde ela se faz mais necessária. Se, de um lado, há um leão rugindo e distribuindo ofensas em todas as direções, essa falsa energia gera a crise de que mais se tem falado nos últimos dias. Escassez e falsa abundância de que nem todos se apercebem. Além daqueles que, delas se apercebendo, tentam tirar proveito nada republicano de mais uma crise. Nada que já não se tenha visto na tragédia brasileira.
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